Opinião: Apesar das bizarrices, se eleição fosse hoje Donald Trump ganharia

ENTREVISTA COM CHARLES PAUL TREVES
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Em entrevista à rede de televisão norte-americana CBS, Donald Trump afirmou que, uma vez eleito presidente, autorizaria a prática conhecida como waterboarding (afogamento) contra “inimigos dos Estados Unidos”. Mais uma bizarrice? Retórica de campanha ou intenção verdadeira?

Segundo numerosas denúncias, a prática do waterboarding se tornou uma espécie de rotina em prisões de bases norte-americanas como as de Guantánamo e de outras regiões do planeta, a partir da detenção de suspeitos da prática de terrorismo e de terem contribuído para os atos do 11 de Setembro de 2001, em que aviões comerciais, sequestrados e pilotados por extremistas da Al Qaeda, foram projetados contra as torres do World Trade Center, em Nova York.

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A prática do afogamento foi proibida pelo Governo Barack Obama, em 2009, mas agora, se Trump vencer a eleição de 2017, poderá ser restaurada.

“Trata-se de mera retórica de campanha”, garante o jornalista independente norte-americano Charles Paul Treves, há vários anos radicado no Brasil. Para Treves, o pré-candidato do Partido Republicano abusa das declarações polêmicas em sua pré-campanha porque, como grande empresário e homem de marketing, sabe que precisa estar sempre em evidência. Na opinião do jornalista, Donald Trump tem mostrado como fazer para conquistar as intenções de votos nas eleições primárias que estão ocorrendo nos Estados Unidos.

Sobre a polêmica volta do waterboarding, Charles Treves adverte que há outras maneiras de obter informações sem recorrer à tortura. E a respeito de outras declarações igualmente surpreendentes de Trump – se o pré-candidato, se escolhido pelo Partido Republicano, mudará seu discurso ou continuará com suas intenções reprováveis –, o jornalista observa:

“Devemos lembrar que temos três poderes – o presidente, o Congresso, com Câmara e Senado, e a Corte Suprema. O presidente pode sempre dar ideias, retornar certas ideias do passado, mas há certas coisas que ele não pode fazer sozinho, deve ter apoio do Congresso, que neste caso é de maioria republicana. O presidente não pode decidir tudo sozinho, não somos uma ditadura.”

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Sobre o que esperar do novo Governo, seja qual for o partido vencedor nas eleições de novembro? Se ganhar o Democrata, as políticas e diretrizes econômicas serão mantidas? E se o sucesso  for Republicano, podemos esperar alguma mudança radical na política e na economia dos EUA?

“Quando há eleição, há sempre partidos que fazem promessas. Isso existe em todos os países. Atualmente se fala de mudanças, Faz parte da campanha política: mudança, mudança, mudança. Pode ser que existam mudanças, mas não serão radicais. Não importa que presidente entre, se republicano ou democrata, não é simplesmente mudar o que já existe. Há regras, pode-se mudar com o tempo, mas não pode haver grandes mudanças imediatamente.”

E quem vai ganhar?

“Se fosse hoje, Donald Trump seria o vencedor. Mas há vários meses à frente. Hillary Clinton tem muita força, mas ela é parte da velha guarda, da estrutura existente. Há gente hoje que está cansada da estrutura existente, e por isso Donald Trump por enquanto está na frente. Nada tem acontecido recentemente. Os republicanos têm bloqueado muita coisa de Obama no Congresso nos últimos anos. Penso que Donald Trump tem algumas ideias bizarras, mas ao mesmo tempo ele tem novas ideias ou ideias existentes que quer retomar, que o fariam bem interessante como presidente. Hoje, ele ganharia de Hillary Clinton.”

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