Opinião: Oposição venezuelana age em sintonia com os EUA

ENTREVISTA COM FERNANDO ALMEIDA
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O Presidente Barack Obama decretou na quinta-feira, 3, a ampliação por mais um ano das sanções contra a Venezuela. Para baixar a medida, Barack Obama alegou junto ao Congresso que “a Venezuela se transformou num caso de emergência nacional por provocar a erosão dos direitos humanos”. Especialista classifica o ato como bizarro.

Dirigindo-se aos congressistas, Obama afirmou ser necessário manter a Ordem Executiva 13.692, sancionada em 9 de março de 2015, determinando a manutenção das sanções contra a Venezuela estabelecidas em 10 de dezembro de 2014.

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Para Fernando Almeida, membro do Inest – Instituto de Estudos Estratégicos da Universidade Federal Fluminense, “soa bizarro” que uma potência como os Estados Unidos considere a Venezuela uma ameaça à sua segurança.

O especialista da UFF lembra que em março de 2015 Barack Obama anunciou o que seriam as sanções, que são o congelamento de ativos venezuelanos nos EUA e a proibição de viagens de várias pessoas do Governo da Venezuela ao país.

“Isso, naquela época, provocou uma estranheza muito grande na América Latina, em razão de que o fato de considerar a Venezuela uma ameaça emergencial à segurança dos EUA era muito exagerado, e agora ele repetiu esse exagero. Aparentemente, a preocupação maior dos EUA é com o fornecimento de petróleo – a Venezuela é um fornecedor importante – e isso poderia ser prejudicado, mas os venezuelanos sempre foram muito pragmáticos, eles nunca criaram dificuldades nessa relação econômica. Fica, de fato, bizarro uma superpotência considerar uma ameaça emergencial um país sul-americano que teve um bom relacionamento nesse setor com eles o tempo inteiro.”

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A respeito da discussão de que a medida anunciada por Obama poderia guardar alguma sintonia com o posicionamento do Poder Legislativo da Venezuela em relação ao presidente, já que o Parlamento do país tem maioria oposicionista, Fernando Almeida conta que “historicamente tem havido essa associação implícita entre a oposição venezuelana e os governos americanos”.

“No golpe de 2002 a oposição venezuelana esteve em Washington um dia antes da deflagração do movimento. Todas as declarações do Governo americano foram simpáticas aos golpistas. Washington estava reconhecendo aquela situação de fato, e até hoje isso não foi bem definido. É claro que os EUA têm interesse em apoiar a oposição venezuelana, que é uma oposição conservadora e pode reverter muitas iniciativas ainda do Governo Chávez. Estamos vendo agora um embate profundo na sociedade venezuelana, que não é novidade. Apenas, a Assembleia passou ao controle da oposição, mas esse tipo de sintonia oposição-EUA já existe há bastante tempo.”

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