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Evo Morales sobre o referendo: ‘O povo, sim! O Império, não!’

ENTREVISTA COM DIOGO DARIO 2 DE 18-02-16
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No comício de encerramento da campanha pelo referendo de domingo, 21, Evo Morales deu a palavra de ordem ao grande número de partidários reunidos em La Paz: ‘O povo, sim! O Império, não!’, disse o presidente boliviano, que busca a possibilidade de mais uma reeleição.

A Bolívia terá, no domingo, 21, um referendo convocado pelo Presidente Evo Morales para saber do eleitorado boliviano se ele pode encaminhar ao Parlamento nacional uma proposta de emenda constitucional que lhe permita disputar mais um mandato consecutivo. Na votação, os eleitores deverão responder “sim” ou “não”, e esse foi o mote para a frase de efeito de Evo. Além disso, o presidente também se referiu, negativamente, às petroleiras “transacionais brasileiras, francesas, espanholas e inglesas”, que, segundo ele, estão contra seu Governo.

O especialista Diogo Dario, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, considera que, ao recomendar o “não ao Império”, o Presidente boliviano se refere aos grupos domésticos que estão se mobilizando contra ele e que teriam articulação com as petroleiras estrangeiras presentes na Bolívia, com interesse no fim do Governo dele, que ele não tenha chance de concorrer a uma nova reeleição.

“Quando Evo Morales ganhou a primeira eleição, o capital político dele estava muito ligado à questão da nacionalização dos hidrocarbonetos”, afirma Diogo Dario. “Foi aquilo que o tornou um candidato elegível e um presidente extremamente popular, porque ele tomou uma atitude muito corajosa e que era um tabu na política norte-americana, que é promover a nacionalização de recursos naturais. É algo que tinha gerado conflitos nos governos anteriores, e ele assumiu e cumpriu com essa responsabilidade. É natural que ele jogue esta carta e invista novamente nesse elemento como fator de mobilização, já que as últimas pesquisas começam a colocar em ameaça o resultado que ele espera para o referendo.”

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Outro especialista em políticas latino-americanas, o Professor Rafael Araújo, da Unilasalle, acrescenta que essas empresas transnacionais atuavam na Bolívia até a nacionalização dos recursos naturais – neste caso, dos hidrocarbonetos – realizada por Evo Morales a partir de um decreto de maio de 2006. “Ele se remete à ação dessas petroleiras – no caso brasileiro a Petrobras, no caso espanhol a Repsol – que sempre, sobretudo na década de 1990, estiveram muito presentes na exploração dos hidrocarbonetos bolivianos.”

Rafael Araújo destaca que neste momento, na hora de usar um inimigo externo como fator de mobilização dos seus grupos sociais, “Evo Morales não só faz uma retórica contra os EUA mas também contra as transnacionais que atuavam no país, inclusive comparando dados, trazendo o quanto essas empresas investiam no território boliviano e o quanto o Governo vem investindo”.

“A própria eleição de Evo Morales foi fruto de um amplo acesso de resistência popular iniciado com a ‘guerra da água’, em 2001, e que teve seu ápice na ‘guerra do gás’, em 2003”, diz o especialista da Unilasalle. “Naquele momento os grupos sociais que ocuparam as ruas bolivianas reivindicaram a nacionalização dos recursos naturais, sobretudo do petróleo e do gás natural. De certa forma, é um pouco essa retórica de Evo Morales e dos seus pares no Governo, e que ganha notoriedade tendo em vista a necessidade de vitória no referendo do próximo domingo.”

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