Como são organizadas as revoluções?

© AP Photo / Belal DarderManifestações em Egito. 24 de abril, 2015
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Em dezembro de 2015, o presidente russo Vladimir Putin assinou um documento importante – a Estratégia de Segurança Nacional.

Uma secção do documento é intitulada “Revoluções Coloridas”. Segundo um artigo do site analítico What They Say About USA, é óbvio que o líder russo atribui a evolução radical deste tipo de revoluções ao modo como o Ocidente as encara. Além disso, ele as considerou abertamente como “uns dos desafios mais graves à segurança nacional da Rússia”.

Vladimir Putin também chamou aqueles que estão por trás destas revoluções de “movimentos radicais que abusam da ideologia extremista, nacionalista e religiosa, além de ONGs [organizações não governamentais] estrangeiras e indivíduos particulares, para alcançar os seus objetivos”. 

O artigo refere ainda que o autor italiano Alfredo Macchi no seu livro “Revolução S.A. – Quem está por trás das revoluções coloridas?” tratou o assunto de modo interessante.

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Macchi explica como são organizadas estas revoluções e fez acusações duras contra as organizações ocidentais que, de acordo com ele, colocaram mais fogo no caos no Oriente Médio.

O autor italiano apontou que os próprios nomes das revoluções atraem a atenção e suscitam uma pergunta – porque são chamadas assim? Os eventos em Túnis foram chamados de Revolução de Jasmin, os no Quirguistão – Revolução das Tulipas, na Geórgia – Revolução das Rosas.

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Se deixarmos o Oriente Médio por um momento e olharmos para a história dos acontecimentos na Sérvia, em Belgrado, vemos uma revolução completamente diferente. Neste país foi formado um CANVAS (sigla em inglês para Centro de Ações Não Violentas e Estratégias Aplicadas) que geralmente é visto como “a alma da revolução do ano 2000”. 

A organização foi criada por Sdrja Popovic. Este, durante seus anos de estudante, em 1998, fundou a organização política Otpor!, que se tornou uma das principais organizações que expulsaram Slobodan Milosevic do poder.

Os eventos que se seguiram são conhecidos de todos: a OTAN começou a bombardear a Sérvia — Milosevic foi detido e enviado para o Tribunal de Haia, sendo mais tarde encontrado morto. Foi nessa época que a Otpor! deu um grande salto em frente e se transformou em partido político. Macchi descreveu estes acontecimentos assim:

"Sdrja Popovich, em seguida, conseguiu transformar a sua experiência acumulada em uma ideologia para a expulsão de tiranos, sejam eles reais ou imaginários, em outros países."  

Foi assim que surgiu outro CANVAS que depois passou a desempenhar um papel único nas revoluções na Geórgia, Ucrânia e Líbano, além de toda a África do Norte durante a Primavera Árabe.

Mas nem tudo é tão óbvio como parece. O CANVAS não só organizou revoltas por si mesmo, a organização foi financiada do estrangeiro e recebeu dados do coronel do exército norte-americano aposentado Robert L Helvey, apelidado de Bob, divulga o artigo.

Este é “especialista em atividades confidenciais e treinamento de adidos militares de Embaixadas americanas no estrangeiro”, divulga o autor italiano.

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Mas não era só Bob que estava por trás da Otpor!.  A organização também tinha conexão direta com o Congresso dos EUA por via da organização sem fins lucrativos NED (na sigla em inglês, Fundação Nacional para a Democracia) que só em 2000 deu contribuições de US$ 237.000 à Otpor!

De acordo com Macchi, a Fundação Nacional para a Democracia forneceu a maior parte do financiamento para apoiar e organizar a Primavera Árabe.

Segundo o livro, em 2010 — apenas um ano antes de várias revoltas no Oriente Médio — a NED financiou organizações na Tunísia, Líbia, Egito e Irã. Para ver aonde o dinheiro foi parar, basta acessar o site da NED. Foi desta maneira que foram criados o caos, as revoluções e mesmo o conhecido grupo terrorista Daesh.

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