Presença russa nas negociações sobre Afeganistão é uma necessidade

© REUTERS / StringerForças de segurança do Afeganistão ocupam posições durante o combate na cidade de Kunduz, norte do Afeganistão, 29 de setembro de 2015
Forças de segurança do Afeganistão ocupam posições durante o combate na cidade de Kunduz, norte do Afeganistão, 29 de setembro de 2015 - Sputnik Brasil
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A Rússia poderia desempenhar um papel muito importante no processo de negociações para resolver o conflito no Afeganistão, afirmam especialistas.

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No início de 2016 o processo de negociações sobre a resolução do conflito afegão intensificou-se. Isso não é surpresa. A situação no Afeganistão permanece muito tensa. No fim de Setembro, o Talibã tomou por algum tempo a cidade de Kunduz, no norte do país, e, desde o início de 2016, realiza ataques contra a cidade de Gázni, centro administrativo da província com o mesmo nome a sudeste de Cabul. Os talibãs afirmam que durante o ano passado tomaram o controlo de cerca de 10% do território afegão, que é o indicador mais alto desde a derrubada do seu regime em 2001.

O primeiro encontro entre altos diplomatas do Afeganistão, Paquistão, EUA e a China – o chamado grupo coordenador quadrilateral – se realizou em 11 de Janeiro, em Islamabad. A segunda ronda de negociações teve lugar somente uma semana depois.

Entretanto, nem todos no Afeganistão são de opinião que é possível dialogar com os talibãs. Sarah Sorkh Abi, membro da comissão para negociações pacíficas (com os talibãs), disse, em entrevista à Sputnik, que é duvidoso que os talibãs participem das negociações.

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A especialista afirmou que foram feitas dezenas de tentativas de realizar negociações mas todas as vezes os talibãs demonstraram que não estão prontos para um diálogo com as autoridades.

Entretanto, agora a situação ainda é mais grave porque o movimento está se separando em grupos diferentes e não está claro qual deles pode ser envolvido nas negociações. Além disso, estes grupos estão lutando uns aos outros e com o Daesh. Mesmo durante as negociações, as explosões e confrontos não param. Sorkh Abi sublinhou que o objetivo principal do grupo coordenador é resolver problemas de qualquer grau de dificuldade. Na sua opinião, os EUA podem pressionar os talibãs se quiserem. O Paquistão pode encontrar um compromisso com “os seus talibãs”. A China também pode ajudar, afirmou a especialista,

No entanto, nem todos estão de acordo com Sorkh Abi. O observador político afegão Saeed Abdoulhamid Safout disse ao correspondente da Sputnik que as negociações são uma boa oportunidade de atingir a paz.

“O grupo negociador tem um grande potencial. O Afeganistão poderá atrair às negociações outros países, especialmente aqueles que estão sob a ameaça do terrorismo, bem como países vizinhos, interessados em estabilizar a situação no Afeganistão”.

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Safout disse que as grandes potências regionais como a Rússia, a Índia e o Irã não participam nas negociações e que isso é um problema, porque estes países estão talvez mais interessados do que outros em resolver o conflito afegão.

Ela destaca que a presença da Rússia à mesa de negociações é necessária porque a Rússia pode prestar ajuda ao Exército afegão e influenciar o Paquistão.

“A Rússia pode desempenhar um papel chave no Afeganistão, pode apoiar-nos de forma militar ou económica e, o que é mais importante, a Rússia não está interessada em usar o Talibã ou quaisquer outros militantes para os seus objetivos”.

O diretor do Segundo Departamento da Ásia da chancelaria russa, Zamir Kabulov, considera que ainda é cedo para avaliar os esforços do grupo coordenador. A Rússia apoiará a iniciativa do quarteto.

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