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Economista: Petróleo a preços baixos significa perda de empregos

ENTREVISTA COM JOSÉ MAURO DE MORAIS
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A semana começa com a notícia de que o petróleo do tipo Brent foi cotado em seu preço mais baixo em 12 anos. Nesta segunda-feira (18) ele chegou a ser negociado na Ásia a US$ 27,67 nos contratos para entrega em março. A última vez que o petróleo fechou abaixo dos US$ 28 foi em novembro de 2003.

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O economista e coordenador da Área de Petróleo do IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, José Mauro de Morais, explica a queda brusca no preço do petróleo dizendo que a produção diária estaria muito maior do que a demanda:

“O petróleo está sofrendo o fato de que a produção diária está muito acima da demanda, e com isso há um crescimento muito grande dos estoques, que estão nos níveis mais elevados dos últimos 80 anos. O mercado conhece esse fato, sabe que os estoques estão se elevando. Vai haver uma oferta bastante folgada de petróleo para os próximos dois anos, e aí o mercado abaixa o preço.”

Como um fator a mais para a diminuição dos preços, o economista destaca ainda o fim das sanções contra o Irã e a futura entrada da produção do petróleo iraniano no mercado. Segundo Morais, antes das sanções que proibiram as importações de petróleo para a Europa e outros países, o Irã produzia em torno de 4,3 milhões de barris dia. Após as sanções, a produção do Irã caiu cerca de 800 mil barris por dia, passando para cerca de 3,6 milhões de barris. “Esse é um fator que também vem pressionando os mercados, ou seja, a possibilidade de o Irã aumentar em cerca de 600 mil barris por dia as suas exportações de petróleo nos próximos meses.”

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O economista acredita que em longo prazo a tendência do mercado mundial  é pela recuperação dos preços.

“Nós estamos assistindo no mundo hoje a uma queda nas explorações de petróleo. O preço de US$ 28 a US$ 30 não viabiliza novas explorações. Viabiliza o prosseguimento da produção que já estava acontecendo e dos poços de petróleo que estavam próximos a iniciar a produção, mas não viabiliza a exploração de novas áreas. Com isso, é possível que nos próximos dois anos haja uma queda na produção de petróleo, e os preços tenderão a se recuperar.”

José Mauro de Morais explica que o preço baixo do petróleo não beneficia o mundo, pois, apesar de o fato causar a diminuição dos preços dos combustíveis como gasolina e óleo diesel, especialmente nos EUA e na Europa, na verdade isso provoca uma diminuição no emprego muito alta no mundo inteiro.

“Há uma previsão de que cerca de 250 mil postos de trabalho já foram perdidos no mundo, desde que se iniciou a crise com a baixa dos preços do petróleo, entre julho e agosto de 2014. Sendo assim, não convém que o preço permaneça muito baixo, pois o aumento do desemprego no mundo é muito forte.”

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O economista pensa que o mais viável economicamente agora seria que os países produtores freassem a produção – melhor do que lidar com os estoques, pois a produção está em cerca de 1 milhão de barris diários acima da demanda.

“O mundo produz hoje cerca de 90 milhões de barris por dia, estando com uma produção de 1 milhão de barris acima da demanda. É claro que os estoques tendem a crescer, e estoques altos significam pressão de preços baixos. Isso provoca uma redução dos lucros, e inviabiliza a produção de petróleo em algumas áreas em que o custo é mais alto. É possível que o ajuste se dará pela diminuição da produção nos próximos meses e nos próximos dois anos.”

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