Jornalista denuncia campanha de perseguição da mídia de oposição na Argentina

© REUTERS / Marcos BrindicciPresidente da Argentina, Mauricio Macri, logo após a tomada de posse na Casa Rosada
Presidente da Argentina, Mauricio Macri, logo após a tomada de posse na Casa Rosada - Sputnik Brasil
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A maior holding argentina de mídia, o grupo Clarín, tem grande influência sobre as decisões tomadas pelo novo presidente do país, Mauricio Macri. A chefia do Clarín está por trás da demissão de um apresentador da rádio Continental e famoso jornalista uruguaio Víctor Hugo Morales, disse o próprio jornalista em uma entrevista exclusiva à Sputnik.

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A demissão dele é um exemplo de “falta da liberdade de expressão”, conforme o próprio afirmou.

O jornalista está certo que a demissão se insere em uma campanha sistemática de perseguição da mídia de oposição.

"(Foi) por indicação direta, que podia ter existido, porque há jornalistas que denunciaram várias semanas atrás que isto estava acontecendo, (visto que eles o sofreram na carne) ou porque a mídia capta perfeitamente a imagem existente da conduta do atual governo", sublinhou Hugo Morales.

Depois disso ele manifestou dura crítica contra as autoridades da Argentina:

"O país está nas mãos da troika composta por Clarín, o Mudemos (a coligação eleitoral que levou Macri ao poder), e uma perna do Judiciário. De cada um destes membros da troika alguns de nós fomos vítimas neste mês de governo, governo que está determinado a não respeitar o Congresso, a não respeitar a justiça ou a obter da justiça tudo o que lhe permite realizar a sua vocação de se afirmar como um governo de direita, inevitavelmente repressivo".

"Parece-me que acabei por ser vítima da impotência da empresa onde trabalhei, da cumplicidade da mesma, ou da ideia de que a empresa não pode continuar a sua vida econômica se não estiver alinhada com o que o governo determina", acrescentou Morales.

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Esta terça-feira (12) milhares de argentinos concentraram-se na praça de Maio de Buenos Aires, para protestar contra a repressão e censura da mídia levada a cabo pelo governo neoliberal do novo presidente Mauricio Macri, diz o canal televisivo Telesur. Além disso, as pessoas reunidas manifestaram apoio e solidariedade com o periodista e jornalista desportivo Víctor Hugo Morales. O próprio Morales também assistiu à manifestação.

"Estamos aqui defendendo a Lei de Meios. O que ocorre com esta lei é que nos acordou, é a lei da juventude, é a utopia que tem crescido com os mais jovens, e lutamos por esta lei", disse ele se dirigindo à multidão na praça de Maio.

Promulgada em 2009 pela antecessora de Macri, Cristina Kirchner, a Lei de Meios permitia às organizações sociais e à sociedade argentina em geral, segundo o respectivo decreto, ter alguma participação na política de comunicação social da Argentina, a fim de evitar o monopólio da mídia por grupos de interesses econômicos privados. Este controle era efetuado por meio de duas agências, a AFSCA e a AFSTIC – Autoridade Federal de Tecnologias de Informação e Comunicações.

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