Especialista: Oposição no Parlamento vai tentar de tudo para neutralizar Governo Maduro

© AFP 2023 / Juan BarretoAssembleia Nacional da Venezuela.
Assembleia Nacional da Venezuela. - Sputnik Brasil
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A Assembleia Nacional da Venezuela tomou posse nesta terça-feira (5), com maioria oposicionista ao Governo do Presidente Nicolás Maduro. Dos 167 deputados eleitos, 112 são de oposição, compondo ampla maioria.

“Um Parlamento oposicionista será um grande problema para o Presidente Nicolás Maduro”, analisa André Luiz Coelho. Cientista político da UniRio e especialista em Políticas Latino-Americanas, ele explica que esta é a primeira vez em 17 anos que a oposição consegue a maioria na Assembleia Legislativa venezuelana, e isso significa que Maduro poderá encontrar muitas dificuldades para governar o país.

“Historicamente, existe desde Hugo Chávez uma relação não muito tranquila entre o Poder Executivo, ou seja, o presidente, e o Poder Legislativo, ou seja, a Assembleia. Nas últimas duas décadas ocorreram vários confrontos, chegando até a 2005 e 2006. A oposição venezuelana simplesmente deixou de participar das eleições legislativas, e o então Presidente Chávez teve 100% da Assembleia naquele momento.”

O Professor André Luiz Coelho acredita que a oposição venezuelana percebeu o erro do passado, de não ter participado, em 2005 e 2006, do processo eleitoral, e nos últimos anos vem brigando por mais representatividade, conseguindo agora a maioria no Parlamento. Na lista de opositores ao Governo Maduro está o novo presidente da Assembleia Nacional, Henry Ramos Allup.    

“Cerca de dois terços da Assembleia hoje são de oposição. Dos 167 deputados eleitos, 112 são de oposição, incluindo o próprio presidente da Assembleia. Pelo que se pode analisar, eles vão fazer uma atuação bem forte de oposição, e eventualmente tentarão brecar todas as iniciativas do Presidente Maduro. Isso quer dizer que o país pode ter uma crise de governabilidade, e uma crise de paralisia decisória muito forte.”

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De acordo com André Luiz Coelho, “a oposição vai atuar de maneira muito forte para conseguir diminuir o poder e a importância do Presidente Nicolás Maduro, agindo, provavelmente, para tentar obstruir completamente o Governo”.

Ao ser questionado sobre as ações que já são dadas como certas da parte dessa oposição, entre as quais estaria a luta pela libertação daqueles que os oposicionistas consideram “presos políticos” e o Governo afirma se tratar de pessoas que transgrediram a lei, o Professor André Luiz acredita que a resolução deverá ser de responsabilidade do Poder Judiciário.

“Cada um vai ter a sua opinião, e provavelmente quem vai decidir em relação a isso é o próprio Poder Judiciário. Os dois lados vão colocar os seus argumentos, e o Poder Judiciário vai dizer se sim, ou se não.”

A briga entre os opositores e os pró-Governo Maduro teve mais um round nesta terça-feira (5), com manifestantes de ambos os lados se enfrentando pelas ruas do país e algumas estações do Metrô de Caracas sendo fechadas por questões de segurança. Na Assembleia Nacional, depois de uma cerimônia de posse muito tensa, com ameaças de agressão física, os deputados governistas se retiraram do Plenário.

“Infelizmente, isso é comum na Venezuela, porque os políticos contam muitas vezes com bases sociais sólidas, de ambos os lados, e por qualquer discussão a confusão se inicia. Provavelmente teremos outros enfrentamentos nas próximas semanas e meses.”

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