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PNAD mostra profundas – e positivas – mudanças econômicas e sociais no Brasil

REPORTAGEM IPEA BRASIL
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O IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada divulgou nesta quarta-feira (30) uma série de análises feitas com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, a PNAD 2014. Entre os temas abordados estão desigualdade e pobreza, arranjo familiar, desempenho do mercado de trabalho e evolução de indicadores educacionais.

Segundo o diretor de Estudos e Políticas Sociais do IPEA, André Calixtre, o estudo mostra que o Brasil passou por avanços estruturais bem significativos nos últimos 10 anos. Calixtre também ressalta que a PNAD 2014 fecha o ciclo do primeiro mandato da Presidenta Dilma Rousseff e permite uma avaliação muito mais apurada sobre o que de fato aconteceu nesse período.

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Índice de Desenvolvimento Humano do Brasil cresceu no ano passado
“O que nós tivemos foram profundas mudanças estruturais, ainda que a intensidade de algumas dessas mudanças pudesse ser maior, especialmente os temas ligados à desigualdade, como, por exemplo, a desigualdade de gênero, de raça e outros tipos de desigualdade. A própria desigualdade de renda caiu muito, mas poderia cair até mais se tivesse outros repertórios complementares de política econômica.”

Sobre a questão da crise financeira atual no Brasil, refletindo-se no desemprego, o diretor do IPEA garante que o Brasil tem uma estrutura forte para enfrentar as turbulências do mercado de trabalho. De acordo com o levantamento do Instituto, a taxa de desemprego foi menor em 2014 do que em 2004, que registrou 8,9%.

“Nós temos uma estrutura inédita para enfrentar a crise na história do Brasil. É um estado de bem-estar que garante direitos, protege as pessoas de flutuações na conjuntura econômica. Evidentemente, essa capacidade de proteção não é infinita. Nós não sabemos ainda até que ponto a resiliência da estrutura social suporta crises muito prolongadas. O que está claro é que ela suportou 2014, que foi um ano de crescimento zero, e aparentemente vai atravessar 2015 sem grandes rupturas. Na questão do mercado de trabalho há um crescimento forte na taxa de desemprego, mas não houve um crescimento tão forte da taxa de informalidade, e as rendas do trabalho estão estáveis. Isso contrabalança um pouco o diagnóstico do que está acontecendo no mercado de trabalho. Que de fato há uma crise no mercado de trabalho, de fato há, mas é uma crise setorizada, concentrada em alguns setores, e a estrutura do mercado de trabalho, que é a qualidade do emprego, não tem se deteriorado à mesma taxa do que a conjuntura do mercado de trabalho, que é a quantidade disponível de emprego.”

Presidenta do Brasil, Dilma Rousseff, com a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, durante cerimônia de lançamento do Plano Nacional de Defesa Agropecuária - Sputnik Brasil
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IBGE: Pesquisa revela que desigualdade de renda no Brasil diminuiu na última década
Um dos destaques do estudo do IPEA foi a queda, na última década, de 63% do número de famílias que vivem na linha de pobreza extrema. Segundo André Calixtre, em 2004, 7,38% dessas famílias viviam com R$ 70 por mês, agora esse índice chega a 2,71%, lembrando que desde junho de 2014 o valor da linha de pobreza foi reajustado para R$ 77 por mês. Somente em um ano, entre 2013 e 2014, a queda das famílias na linha da pobreza foi de 30%.

“É um resultado extraordinário, mostra a conjuntura de inúmeros fatores: o crescimento econômico, com o aumento de renda das famílias; a redução do desemprego; a redução da desigualdade. Essa conexão com o mercado de trabalho é o primeiro pilar da redução da desigualdade. O segundo pilar é a política social, e isso eu falo de toda a política social. A política social universal, a política social focalizada. Os programas de transferência de renda chegam mais às pessoas, e as políticas sociais universais formam todo um colchão de proteção social, que é muito relevante no Brasil. O terceiro dado que explica especificamente 2013-2014 foi uma melhoria também na capacidade do IBGE de captar as rendas muito baixas, porque a taxa de pobreza extrema já está em 2,48%, está muito baixa, e quanto mais baixa a taxa, mais difícil é captar essas pessoas.”

Segundo a análise do IPEA, a renda domiciliar per capita cresceu nos últimos anos. Em 2004 a média era de R$ 549,83; no ano passado chegou a R$ 861,23.

Sobre a questão da educação, André Calixtre admite a existência de desigualdades regionais e raciais que são históricas. Conforme o estudo, a escolaridade média dos brasileiros entre 18 e 29 anos passou nos últimos 10 anos de 8,4 para 9,4 anos. O IPEA também destaca aumento na taxa de alfabetização da população com mais de 15 anos, que passou de 88,6% em 2004 para 91,7% em 2014.

Praça da Bandeira, Rio de Janeiro - Sputnik Brasil
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Brasil é o número 42 na lista de 133 países do ranking de progresso social
“As causas das desigualdades regionais são históricas. Elas não vêm deste Governo, não vêm de todos os Governos, mas da formação específica do Brasil, que desde o seu início tem disparidades regionais absolutas, muito grandes. Todas as regiões melhoraram seus índices educacionais. A questão é que as disparidades ainda precisam ser resolvidas. As Regiões Norte e Nordeste estão com 9,3 anos de escolaridade média, enquanto a média brasileira está em 10. O desafio é acelerar a taxa de escolarização das pessoas em idade escolar, e acelerá-la mais nas regiões abaixo da média. Este é o nosso desafio até 2024.”

O IPEA analisou também as mudanças das famílias brasileiras nos últimos 10 anos. Em 2004, 54,8% dos casais tinham filhos. Agora, o índice caiu para 44,8%. A participação do homem como chefe de família também caiu na última década. Em 2004, representava 73,5%. Em 2014, foi de 61,2%. Já o número de mulheres como chefes de família em 2004 era de 26,5%, passando em 2014 para 38,8%.

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