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Opinião: Mauricio Macri não deveria interferir em problemas políticos da Venezuela

© AP Photo / Ricardo MazalanMaurício Macri comemora a vitória nas eleições presidenciais argentinas.
Maurício Macri comemora a vitória nas eleições presidenciais argentinas. - Sputnik Brasil
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O novo presidente argentino e a ministra das Relações Exteriores venezuelana, Delcy Rodríguez, trocaram duras acusações durante a 49.ª Reunião de Cúpula do Mercosul, em Assunção. O especialista Rafael Araújo comenta: “Mauricio Macri não pode dar ‘um pé na porta’ da Venezuela.”

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Durante o encontro, o presidente da Argentina, Mauricio Macri, exigiu que a Venezuela liberte presos políticos. A Ministra das Relações Exteriores Delcy Rodríguez, que estava representando o Presidente Nicolás Maduro, respondeu acusando Macri de estar defendendo os criminosos oposicionistas da Venezuela e de continuar defendendo os torturadores do antigo regime ditatorial da Argentina.

O professor de História e Relações Internacionais da Unilasalle e da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Rafael Araújo, comenta que desde a campanha eleitoral Mauricio Macri já sinalizava que as relações entre a Argentina e a Venezuela não seriam nada amistosas. E por isso, diz o especialista, não causa surpresa a troca de acusações entre Macri e Delcy Rodríguez na Cúpula.

“Essa atitude de Mauricio Macri expressa o que ele já havia apontando desde o período eleitoral”, diz Rafael Araújo. “Já se posicionava bastante crítico em relação ao Governo de Nicolás Maduro. De fato, é a primeira rusga entre a Argentina e a Venezuela, e talvez estejamos entrando numa nova fase da história sul-americana, em que argentinos e venezuelanos terão alguns embates em torno de divergências políticas, de visões econômicas e de relações internacionais.”

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Mauricio Macri chegou a cogitar pedir a suspensão da Venezuela como Estado-parte do bloco do Mercosul, em função da existência de “presos políticos”, mas desistiu do pedido após ser aconselhado por outros chefes de Estado, inclusive a Presidenta Dilma Rousseff.

Para Rafael Araújo, a discussão entre os dois países é uma questão muito polêmica. O especialista disse que não vê com bons olhos o fato de Mauricio Macri, no início do mandato, já se envolver em embates com a Venezuela.

“Eu creio que o Mauricio Macri não deveria ter logo no início do seu mandato puxado essa polêmica com a Venezuela, mas diante do que ele falou durante o período eleitoral, é uma atitude no mínimo já esperada. Macri está tomando uma posição num assunto que só diz respeito aos venezuelanos.”

Ao ser questionado se a Venezuela já contava com essa manifestação contrária por parte da Argentina, o especialista disse achar que sim, pela já conhecida postura de Macri.

“Eu penso que de fato o Governo da Venezuela já veio armado, já esperava essa atitude de Macri. De certa forma, Macri se coloca como porta-voz internacional dos críticos ao Governo de Nicolás Maduro.”

Sobre a possibilidade de o desentendimento entre Argentina e Venezuela causar um enfraquecimento no Mercosul, o Professor Rafael Araújo não acredita que o atrito cause rachas no bloco.

“Eu não diria um racha, mas Mauricio Macri também não pode entrar ‘com o pé na porta’ nesse momento, porque há uma atitude bem imparcial dos presidentes sul-americanos em relação à Venezuela. Se para alguma coisa a derrota eleitoral do Governo de Nicolás Maduro nas eleições parlamentares serviu foi para mostrar que lá não há ditadura.”

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Apesar da troca de acusações, o especialista ainda acredita que o confronto ocorrido durante a Cúpula do Mercosul no Paraguai ainda não se trata de “uma guerra” que necessite de intervenção dos outros membros do bloco, mas talvez seja o pontapé inicial de uma grande tensão entre Argentina e Venezuela.

“Eu acho que ainda não há uma briga grande. É o pontapé inicial para uma situação que pode se ampliar. De fato, Brasil e Uruguai devem agir como bombeiros, no sentido de evitar que questões políticas internas da Venezuela, que dizem respeito somente aos venezuelanos, interfiram nas relações do Mercosul, da Unasul ou das relações bilaterais entre os países.”

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