O que muda e o que não muda na Argentina de Mauricio Macri em relação ao kirchnerismo

© REUTERS / Enrique MarcarianPresidente eleito da Argentina, Mauricio Macri
Presidente eleito da Argentina, Mauricio Macri - Sputnik Brasil
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Ao tomar posse da Presidência da Argentina na quinta-feira, 10, Mauricio Macri conversou com vários chefes de Estado e Governo que compareceram às cerimônias no Congresso e na Casa Rosada, entre os quais o secretário do Conselho de Segurança Nacional da Rússia, Nikolay Patrushev. O que se espera do Governo Macri?

O novo presidente foi cumprimentado também por alguns líderes da América do Sul, entre eles, os presidentes Dilma Rousseff, Evo Morales (Bolívia), Juan Manuel Santos (Colômbia), Ollanta Humala (Peru) e Horacio Cartes (Paraguai). Outro latino-americano que marcou presença foi o mexicano Jorge Familiar, vice-presidente do Banco Mundial para América Latina e Caribe.

Os Estados Unidos enviaram o secretário de Transportes, Anthony Foxx, e a diplomata Roberta Jacobson, responsável pela Divisão para a América Latina do Departamento de Estado norte-americano.

Pela Europa, além de Nikolay Patrushev, da Rússia, compareceram, entre outras personalidades, o rei emérito da Espanha, Juan Carlos, o ex-presidente da Alemanha, Christian Wulff, e o vice-presidente da Comissão Europeia, o letão Valdis Dombrovskis.

O representante da China foi o vice-presidente do Comitê Permanente da Assembleia Popular, Ji Bingxuan.

Sobre o que representa a investidura de Mauricio Macri na Presidência da Argentina, Sputnik Brasil conversou com a professora de Relações Internacionais Miriam Saraiva, da UERJ – Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Especialista em políticas latino-americanas, com ênfase em Brasil e Argentina, Miriam Saraiva acredita que Mauricio Macri promoverá mudanças significativas da política e na economia do país sem manifestar um caráter revanchista.

Ainda de acordo com a professora, uma visão mais apurada do que serão essas mudanças poderá ser obtida após a primeira reunião internacional do novo líder da Argentina, a Cúpula do Mercosul, marcada para segunda-feira, 21, em Assunção. Além disso, nos próximos meses poderemos verificar se Macri vai pôr em prática as suas promessas de campanha, entre as quais a negociação com os “fundos abutres” e o FMI – Fundo Monetário Internacional.

Sobre o que vai mudar na Argentina de Maurício Macri em relação à Argentina de Néstor e Cristina Kirchner, a Professora Miriam Saraiva observa:

“Muda muito, e acho que a mudança vem tanto na dimensão econômica quanto na política. A dimensão econômica é mais conhecida aqui no Brasil, porque o Governo dos Kirchner vem tendo problemas com as exportações brasileiras há muito tempo. Houve um certo desinvestimento de capitais brasileiros que haviam sido investidos na Argentina e que voltaram ao Brasil. Exemplos fortes são os da Petrobras e da Vale do Rio Doce. Macri tem um perfil liberal, é empresário de origem, sugere e pensa em, daqui para a frente, interromper, de certa forma, a política mais protecionista e a espécie de capitalismo ‘autóctone’ que o Governo argentino vinha implementando.”

Miriam Saraiva diz que essa primeira questão é muito importante:

 “Macri vai mexer em temas que hoje afligem muito os argentinos, como a inflação, um câmbio muito irregular, que provoca saída de capitais do país por vias não tradicionais. Vai tentar conter o déficit público e, mais lentamente, ir reformulando a questão do protecionismo do comércio exterior.”

Já no campo político, diz a especialista em políticas latino-americanas, “o que muda é que o Governo de Cristina tinha uma dimensão populista muito forte e uma relação muito forte com alguns setores populares e com organizações sociais não governamentais de caráter social. O Governo Macri não tem esses vínculos, é um Governo muito mais desconectado da sociedade e que provavelmente vai deixar de fora essa dimensão de um diálogo direto que havia entre a Presidência e os setores populares do país.”

A Professora Miriam destaca no discurso de posse de Mauricio Macri o trecho em que ele pede que os argentinos apoiem o seu Governo. “Parece redundante, mas, na verdade, o Governo de Cristina Kirchner tinha uma postura de criar antagonismos, talvez até própria do populismo latino-americano, com aqueles que não pensam igual. Macri enfatiza sua abertura ao diálogo para quebrar um pouco essa imagem de haver um Governo e seus antagonistas, com os quais ele não negocia, ele não conversa.”

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