Ex-general: incursão de tanques turcos no Iraque cria problemas para toda a região

© AP Photo / Burhan Ozbilici,Turkish army's tanks at the Turkey-Iraq border . (File)
Turkish army's tanks at the Turkey-Iraq border . (File) - Sputnik Brasil
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A decisão de Ancara de enviar 25 tanques ao Iraque não é uma preocupação só para Bagdá, mas para toda a região, disse à Sputnik antigo general de brigada do exército turco Haldun Solmazturk.

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Segundo Solmazturk, o envio por parte da Turquia de 25 tanques e centenas de tropas para fortalecer uma das suas unidades no norte do Iraque é um movimento excepcional que pode afetar outros países na região.

“O exército turco não entra no Iraque pela primeira vez. Durante os últimos quase 20 anos diferentes unidades das Forças Armadas turcas estiveram no Iraque por uma razão ou outra”, explicou o ex-general.

Solmazturk opina que tais decisões devem ser obrigatoriamente acordadas com o governo central do país para o qual as tropas são deslocadas.  

“Antes de enviar tais reforços ao país vizinho, é preciso acordar tal ação com o governo central do Iraque, que está em Bagdá. Obviamente Bagdá não foi avisada e não houve acordo da sua parte.”

“Ao enviar 25 tanques ao Iraque a Turquia violou regras geralmente aceitas. Afinal os tanques são sistemas potentemente armados. Este tipo de comportamento por parte de Ancara deve causar preocupações não só para Bagdá. Isto preocupou todos na região. Este tipo de coisas deve ser feito através de um acordo entre os governos, não se tratando de um banal reforço de tropas”.

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As ações da Turquia são uma violação flagrante do direito internacional, disse por sua vez Boris Dolgov, investigador do Centro de Estudos Árabes e Islâmicos do Instituto de Estudos Orientais.

"A decisão da Turquia de introduzir tropas no Iraque, e a relutância em retirá-las mesmo depois de o governo iraquiano o ter exigido, é uma violação flagrante das normas das Nações Unidas, do direito internacional como tal. Isso confirma mais uma vez que a ONU, como mecanismo de resolução de problemas, as próprias leis internacionais que foram adotadas e devem ser respeitadas, não estão funcionando.

Todo o sistema de direito internacional foi posto em causa. Gostaria de lembrar que a Arábia Saudita começou a bombardear o Iêmen sem autorização da ONU, o que também é uma violação flagrante do direito internacional. E nada realmente acontece. Ou seja, praticamente não há reação das Nações Unidas, da comunidade internacional", — disse Boris Dolgov à Rádio Sputnik.

Esta "indiferença", segundo ele, deve-se, em primeiro lugar, ao desrespeito pelo direito internacional por parte dos Estados Unidos. 

"Estas ações têm o apoio dos Estados Unidos. Eles próprios foram os primeiros a violar estas leis ao invadirem o Iraque sem a autorização da ONU. Seguiu-se o bombardeio da Líbia, a intervenção nos assuntos internos da Síria. Em resumo: o direito internacional, infelizmente, já não funciona”.

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Na segunda-feira (7), o premiê iraquiano, Haider Abadi, deu à Turquia 24 horas para retirar suas tropas do Iraque para evitar que o assunto fosse analisado pelo Conselho de Segurança da ONU. Ancara se recusou a fazê-lo.

As Forças de Mobilização Popular do Iraque, por sua vez, se comprometeram a tomar as medidas adequadas contra as forças turcas se Ancara não retirar suas tropas do país dentro do prazo estabelecido pelo governo iraquiano.

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