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Opinião: acolhimento do processo de impeachment é ´golpismo` e ´revanchismo`

Deputada 3-12
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Após o acolhimento do pedido de impeachment por parte do presidente da câmara, Eduardo Cunha, a presidenta Dilma Rousseff afirmou que recebeu com indignação a decisão de abertura de processo contra ela. Ela lembrou que seu mandato foi conferido democraticamente pelas urnas.

Em entrevista exclusiva à Rádio Sputnik Brasil, a deputada federal do PT (RS) e ex-Ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário, classificou a atitude de Cunha como golpista. 

“Atitude golpista, sem ética. Ele mesmo é questionado em suas iniciativas como parlamentar. Todo seu mandato tem sido marcado por ataques ao governo democrático”.

Manifestação na av. Paulista - Sputnik Brasil
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Impeachment: 'tentativa de golpe da oposição que não aceitou o resultado das eleições'
Segundo a deputada, Eduardo Cunha “tem agido em conluio com os tucanos e com a oposição para desestabilizar o ambiente político e constituir o agravamento da crise econômica e da crise ética no país. Ele é uma pessoa marcada em seus atos por diversos questionamentos e imputações de responsabilidades associadas à corrupção”.

Segundo Maria do Rosário, o acolhimento do processo de impeachment foi uma resposta à recusa do PT em participar do acobertamento do atual presidente da câmara no Conselho de Ética.

“Ele tentou que o PT participasse de um processo de acobertamento das suas responsabilidades. Nós não aceitamos isso como partido. Não nós associamos a ele. E a resposta vil e covarde que tivemos foi o uso deste poder, que ele ainda tem como presidente [da Câmara], mesmo sendo algo imoral para o exercício da função, para abrir este processo de impeachment”. 

“Vamos ficar mobilizados. Não aceitamos isso. Consideramos isso um golpe”. 

Bandeira do PT em manifestação de apoio ao partido, em 16 de agosto de 2015 - Sputnik Brasil
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PT não aceitará processo de impeachment passivamente
Segundo Maria do Rosário, é preciso demonstrar para a sociedade civil que está em questão uma disputa entre uma lógica do mercado, promovida pelos interesses pessoais de Eduardo Cunha, e políticos como Aécio Neves, e uma lógica de estabilidade, atenta às necessidades da sociedade. 

Segundo a deputada, se há alguns meses o Eduardo Cunha rompeu com o PT, os seus atos desta semana significaram um rompimento com os valores das instituições e da democracia. 

“Ele só deu prosseguimento a esse processo contra a Presidenta Dilma com base em seus interesses pessoais. O interesse de pressionar a Câmara dos Deputados e de se livrar daquelas responsabilidades que ele tem de assumir”. 

Segundo ela, Cunha, além dos próprios interesses, também está representando os interesses do PSDB, que perdeu as eleições e que estaria promovendo uma espécie de terceiro turno.

“Estamos em plantão permanente, atentos a tudo que está acontecendo. Pedimos a nossa militância e a todos os democratas, patriotas, movimentos sociais, sindicatos, para apoiar a Dilma, derrotar Cunha, e fazer um governo popular e de esquerda, que só ela pode fazer nesse momento no Brasil”, concluiu Maria do Rosário.

O deputado Paulo Fernando dos Santos, Paulão, do PT-AL, concordou com sua colega e classificou a medida de Cunha de revanchismo individualista e antidemocrata. Segundo Paulão, a articulação foi feita com respaldo de Aécio Neves do PSDB. 

“Todas as estratégias de Eduardo Cunha na câmara são feitas em parceria com o Aécio Neves. Acredito até que não seja o PSDB todo. Mas foi revanchismo”.

Câmara dos Deputados. - Sputnik Brasil
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Partidos se articulam para escolher nomes da comissão especial que analisará impeachment
O deputado do PT questionou a procedência do próprio pedido de abertura de impeachment pelos juristas Hélio Bicudo e Miguel Reale Júnior, bem como a alegada imparcialidade de Eduardo Cunha, que em sua opinião teria agido de modo dissimulado. 

“É muita dissimulação. É muita cara de pau. Ele não tem neutralidade. E com todo respeito à história do ex-deputado e promotor Hélio Bicudo, que realizou importante trabalho na luta contra a ditadura, é preciso ressaltar que ele tem 93 anos de idade. Não é um preconceito em relação a idade, mas inclusive dois filhos dele foram contrários ao pedido. Só uma filha foi favorável. E o jurista Miguel Real Júnior, que é uma pessoa ligada ao tucanato de São Paulo, tem toda uma história de colaboração com o PSDB”.

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