Ex-general da OTAN ataca planos de Cameron de se unir à coalizão aérea contra o Daesh

© flickr.com / heraldpostGeneral Sir Richard Shirreff
General Sir Richard Shirreff - Sputnik Brasil
Nos siga no
O premiê britânico David Cameron está enfrentando uma crescente oposição contra seus planos de se unir à coalizão militar antiterrorista na Síria, depois de um ex-comandante da OTAN ter advertido que a intervenção do Reino Unido não iria parar o Estado Islâmico (EI) e, pelo contrário, poderia ser o início de uma "sangrenta” guerra de longo prazo.

David Cameron - Sputnik Brasil
Cameron pedirá à RAF para matar líderes do EI na Síria
O General Sir Richard Shirreff, ex-vice-comandante supremo das forças aliadas na Europa, jogou água fria sobre os planos de Cameron de conduzir ataques aéreos na Síria contra o Daesh (nome pelo qual o grupo terrorista islâmico também é conhecido), argumentando que a intervenção teria pouco ou nenhum impacto sobre a atual campanha militar internacional.

O oficial se mostrou cético em relação às alegações de Cameron de que havia 70.000 combatentes rebeldes "moderados" atuando no território da Síria, os quais seriam capazes de se beneficiar com os ataques aéreos britânicos contra o EI. Segundo Shirreff, o Ocidente eventualmente precisaria se engajar em operações terrestres no país árabe para conseguir tomar o principal reduto do grupo – a cidade de Raqqa.

"Não é algo que você vai conseguir com 70.000 dos chamados moderados sírios", disse ele, citado pelo jornal The National.

"Para tomar uma cidade de 350 mil pessoas vai ser preciso uma força enorme. Qualquer combate em cidades absorve tropas de modo massivo. É muito fortemente conflitivo, é sangrento e é um negócio sério", advertiu o general.

Ataque química - Sputnik Brasil
Terroristas ameaçam com armas químicas e biológicas, diz primeiro-ministro da França
Os comentários foram feitos em meio ao crescente ceticismo diante dos planos de Cameron de entrar na briga aérea contra o EI. Uma pesquisa realizada no fim de semana pela agência Survation revelou que a maior parte da população britânica não apoia a iniciativa de bombardear o EI na Síria: 59% discordam do primeiro-ministro e acreditam que a participação nos ataques aéreos da coalizão ocidental aumentaria a ameaça terrorista na Grã-Bretanha.

Milhares de pessoas também foram às ruas do país no fim de semana para protestar contra os ataques aéreos planejados. Quatro mil pessoas se reuniram diante da residência de Cameron em Londres, enquanto outros manifestantes mobilizavam multidões em uma série de outras cidades do Reino Unido.

© AFP 2023 / LEON NEALAtor britânico Mark Rylance em manifestação contra o envolvimento do país nos ataques aéreos ao EI na Síria - protesto realizado em frente à residência do premiê britânico David Cameron em 28 de novembro de 2015
Ator britânico Mark Rylance em manifestação contra o envolvimento do país nos ataques aéreos ao EI na Síria - protesto realizado em frente à residência do premiê britânico David Cameron em 28 de novembro de 2015 - Sputnik Brasil
Ator britânico Mark Rylance em manifestação contra o envolvimento do país nos ataques aéreos ao EI na Síria - protesto realizado em frente à residência do premiê britânico David Cameron em 28 de novembro de 2015

O Partido Trabalhista, oposição ao atual governo, também representa uma grande força contra os planos do premiê. O líder da legenda, Jeremy Corbyn, diz que os ataques aéreos vão simplesmente levar a mais mortes de civis e à criação de mais refugiados na Síria. 

No entanto, o Partido Trabalhista está profundamente dividido sobre a questão, com muitos deputados, incluindo o vice-líder Tom Watson e o porta-voz para a área de Relações Exteriores Hilary Benn, dizendo que apoiam o apelo de Cameron.

Primeiro-ministro britânico David Cameron - Sputnik Brasil
Rússia adverte Grã-Bretanha contra destruição da soberania síria
O partido ainda está debatendo qual será sua postura a respeito dos ataques aéreos contra o Daesh na Síria. No entanto, se Corbyn conseguir ditar o tom da conversa e convencer os deputados trabalhistas a votar contra a ação, isso poderá impedir que Cameron realize uma votação sobre o assunto na Câmara dos Comuns.

A decisão do Partido Trabalhista pode, portanto, revelar-se crucial, especialmente porque se espera que vários deputados conservadores do próprio partido governista votem contra o primeiro-ministro.

Ainda marcado por sua embaraçosa derrota política na Câmara dos Comuns a respeito de uma intervenção na Síria em 2013, Cameron declarou que só vai tentar uma votação se houver um consenso político geral sobre a questão.

Feed de notícias
0
Para participar da discussão
inicie sessão ou cadastre-se
loader
Bate-papos
Заголовок открываемого материала