Ministro sírio: a Turquia quer restabelecer o Império Otomano

© Sputnik / Mikhail Voskresensky / Acessar o banco de imagensUm edifício residencial destruido na cidade síria de Aleppo
Um edifício residencial destruido na cidade síria de Aleppo - Sputnik Brasil
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Por que é que o Ocidente está irritado com as ações da Rússia na Síria? Por que é que os caças turcos abateram o avião russo Su-24 no espaço aéreo da Síria? O que querem realmente da Síria o Ocidente e alguns países árabes?

Tudo isto é abordado na entrevista do ministro da Informação da Síria, Omran al-Zoubi à agência russa RIA Novosti.  

Sputnik: Senhor ministro, como é sabido, caças turcos abateram um avião Su-24 das Forças Aeroespaciais russas. Qual foi, na sua opinião, o verdadeiro objetivo destas ações?

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Omran al-Zoubi: Como você sabe, a Turquia e uma série de outros países estão irritados com a operação da Força Aérea russa na Síria. O fato é que o projeto americano, que eles chamam de "guerra ao terror", na verdade não é nenhuma luta contra o terrorismo como tal. São ações que visam definir o papel do Estado Islâmico e dos territórios que eles querem controlar. Pelo contrário, o objetivo da Rússia é a destruição de EI. Estes dois objetivos são opostos em termos dos objetivos colocados e sua implementação.

A Turquia está irritada com as ações da Rússia porque o Estado islâmico tem estreitas relações com o governo da Turquia, relações estreitas e econômicas. Há muitas provas disso. A primeira é que a maioria dos combatentes estrangeiros que chegou à Síria para lutar ao lado do Estado Islâmico veio do território turco e é impossível acreditar que tão grande número de militantes foi capaz de cruzar a fronteira sem a assistência das autoridades turcas. Em segundo lugar, a maioria das armas dos jihadistas também foi fornecida através da Turquia. Em terceiro, a Turquia roubou as fábricas em Aleppo — equipamentos, produção e relíquias históricas de Aleppo. Ela ajudou a capturar Palmira, roubaram e continuam a roubar o petróleo sírio, centenas de caminhões-cisterna. Todo o petróleo é fornecido por uma empresa pertencente a Radzhep Erdogan, filho do presidente. Por isso, a Turquia começou a ficar nervosa quando a Rússia começou a atacar as infraestruturas do Estado islâmico e destruiu mais de 500 caminhões-cisterna com petróleo. Isto enervou fortemente Erdogan e a sua empresa…

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Voltando ao assunto concreto do avião abatido. O ataque contra a aeronave no espaço aéreo sírio, sem aviso prévio de acordo com o piloto russo sobrevivente, confirma mais uma vez que a Turquia está faltando à verdade. No início eles disseram que tinham feito 10 advertências, em seguida, disseram que a aeronave voou sobre o território da Turquia durante 17 segundos. Você não pode enviar 10 avisos durante 17 segundos — isso não é tecnicamente possível.

S.: Pensa que as ações da Turquia foram concertadas com os seus aliados?

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O.Z.: Os objetivos da Turquia e dos Estados Unidos diferem na região. Os EUA tentam dividir os países desta zona e controlar os pequenos emirados em que cada país se vai dividindo. A melhor ferramenta para a implementação do projeto norte-americano são os islamitas radicais. É por isso que apostaram no estado Islâmico e na Frente al Nusra — estes grupos têm relações estreitas com os EUA. O Estado Islâmico foi criado pela inteligência dos EUA no Iraque. Este grupo continua tendo relações fortes com os serviços secretos dos EUA. […]

O objetivo da Turquia é restabelecer o Império Otomano, que como antes era dividido em províncias. Havia a província de Damasco, Mosul, Aleppo, Jerusalém, Beirute e assim por diante. Esse objetivo leva ao desejo de dividir a Síria e o Iraque em emirados ou províncias, que serão um protetorado do Império e respeitarão os seus interesses. Tais ambições estão a causar divergências com os Estados Unidos.

S.: Depois do início da operação aérea da Rússia na Síria, ou antes, era fornecido armamento russo à Síria? Que armamento? 

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O.Z.: Claro (a Rússia fornece armas para a Síria — Ed.), tudo o que foi entregue pela Rússia foi no âmbito dos acordos e contratos anteriormente celebrados. Não houve nada de excepcional. Temos uma longa relação, forte e profunda. Síria está perante uma agressão que não é simples. As ações da Rússia são naturais e lógicas.

Primeiro, a Rússia compreende que o islamismo radical é uma ameaça não apenas para a Síria, mas também para o mundo como um todo e ameaça a Rússia, o seu espaço vital, que tem lugar a existir fora das fronteiras da Rússia. Aqueles que estão lutando agora na Síria, de acordo com a lógica das coisas, mais cedo ou mais tarde regressarão ao seu país.

S.: Será que são planejados fornecimentos de armas em um futuro próximo, o que pretende receber a Síria?

O.Z.: Não tenho informação [sobre tipos e prazos de fornecimento de armas] – é segredo militar. Mas direi que a presença da Rússia aqui na resistência ao terrorismo é uma posição conscienciosa e honesta da parte das autoridades russas e do povo. Além disso, esta posição prova a compreensão do perigo do terrorismo.  

S.: O que o senhor ministro espera dos encontros em Viena no contexto dos últimos acontecimentos?

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O.Z.: Posso pressupor que, com as suas ações, a Turquia mostrou que eles não querem nenhuma solução política. Os turcos não têm interesse em solução política. A Turquia quer criar o caos na Síria e mostrar a República Árabe da Síria como um Estado falhado. Eles pensam que a vizinhança com a Síria, a grande fronteira e a longa história dá-lhes o direito de ditar as suas regras. Ao mesmo tempo, eles mostram cada vez mais a sua essência bárbara.   

S.: Como o senhor ministro avalia o ano cessante de 2015 e o que espera dos últimos dias dele?

O.Z.: Em 2015 a administração da Síria, com o atual apoio da Rússia sob a chefia do presidente Vladimir Putin, conseguiu revelar a política e os objetivos do Ocidente, que, sob os lemas de regulação pacífica, quer destruir a Síria. Tudo sobre o que o governo sírio tinha advertido durante os anos passado aconteceu em 2015.

Nós advertimos que o terrorismo iria sair dos limites da Síria e isso aconteceu. A tensão que os terroristas criaram no mundo deve persuadir todos que a luta contra o terrorismo exige esforços coordenados e conjuntos.

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