Ataques em Paris: Como o Estado Islâmico escolheu os alvos

© REUTERS / Philippe WojazerUm jovem sai da sala de concertos Bataclan após atentado em Paris, na noite de 13 para 14 de novembro
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Os seis lugares escolhidos como alvos dos terroristas em Paris mostram um ataque deliberado contra a vida quotidiana dos parisienses comuns, segundo avalia a imprensa francesa.

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Os alvos escolhidos pelo Estado Islâmico na capital da França não eram pontos famosos visitados por turistas, mas bares, restaurantes, uma sala de concertos e um estádio frequentados por parisienses comuns, o que revela a tentativa de trazer o caos e o medo à vida cotidiana da população francesa.

Em sua declaração de responsabilidade, o Estado Islâmico descreveu Paris como "a capital das abominações e perversões". Neste sentido, segundo o jornal francês 20 minutes, o objetivo da organização extremista foi atacar os locais onde os moradores da cidade costumam ir para se divertir.

De fato, ao abrir fogo em bares e restaurantes nos populares 10º e 11º distritos de Paris na noite de sexta-feira, os atacantes miraram nos jovens que estavam apenas curtindo o início do fim de semana.

"O Bataclan, o restaurante Le Petit Camboja e o bar Le Belle Equipe estão todos localizados dentro de um raio de menos de 1,5 km da sede do Charlie Hebdo. O 11º distrito tinha desde então se tornado um dos principais lugares da memória parisiense, incluindo a Praça da República, coberta com mensagens para as vítimas", relata a publicação francesa.

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"A área, incluindo as sinagogas, também estava sob vigilância militar dia e noite desde os acontecimentos de janeiro passado. Mas a vida do bairro, os fins de semana festivos, haviam se reafirmado".

"Os terroristas suicidas queriam mostrar que eles ainda poderiam tocar em um lugar simbólico que estava sob o controle da polícia, pelo menos na aparência", afirmou o jornal.

 "Ataques em Paris: Por que estes lugares, por que estes alvos?"

O 20 minutes explica que a sala de concertos Bataclan – onde a banda americana Eagles of Death Metal tocava para 1,5 mil pessoas na hora do ataque – já tinha sido anteriormente alvo de ameaças por parte de militantes islâmicos. Em agosto, um francês de 30 anos que havia retornado da Síria foi preso e, mais tarde, admitiu durante o interrogatório que um comandante no país árabe havia lhe pedido para realizar um ataque em uma ou mais casas de espetáculos quando ele retornasse para a França.

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O Estado Islâmico chegou a se referir ao Bataclan como “uma festa de perversão para centenas de idólatras”, segundo relata o jornal. “Em 2011, um militante revelou aos serviços de inteligência franceses que havia planos de atacar o local ‘porque seus proprietários eram judeus’. Em meados dos anos 2000, [a casa] foi usada como um lugar de encontro para organizações judaicas, o que lhe valeu inúmeras ameaças".

Três homens-bomba se explodiram do lado de fora do estádio de futebol Stade de France, depois de um deles ter sido barrado na entrada para o amistoso entre França e Alemanha, que seria disputado no local.

Manu Saadia escreve na revista Fusion que a escolha do Stade de France também foi simbólica, um ataque contra a França moderna e contra as tentativas de promover a unidade nacional e o pluralismo.

"Aquele estádio em particular é um dos poucos lugares onde a promessa de uma França mais integrada é realizada, ainda que apenas de forma intermitente", disse ele.

"O time de futebol francês, conhecido como ‘Les Bleus’, é o paradigma do ideal 'black-blanc-beur’ [preto, branco, árabe]. A equipe nacional é a meritocracia republicana em ação, e ela funciona. O Stade de France é o lugar onde uma equipe francesa liderada pelo argelino-francês Zinedine Zidane ganhou o maior troféu no esporte, a Copa do Mundo, em 1998", lembrou Saadia, descrevendo o estádio como um monumento ao sucesso multiétnico.

 

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