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Lama que vazou de barragens em Minas Gerais já atinge raio de 70 km

© AFP 2023 / CHRISTOPHE SIMON / Acessar o banco de imagensDistrito de Bento Rodrigues um dia após rompimento de barragens de rejeitos que criou tsunami de lama na região
Distrito de Bento Rodrigues um dia após rompimento de barragens de rejeitos que criou tsunami de lama na região - Sputnik Brasil
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Um dia após o rompimento de duas barragens da mineradora Samarco que gerou um tsunami de lama e devastou o distrito de Bento Rodrigues, no município de Mariana, em Minas Gerais, batalhões militares e a Força Nacional do SUS seguem mobilizados em operações de busca e salvamento na região. Até o momento, dois mortos já foram confirmados oficialmente.

O Ministro da Integração Nacional, Gilberto Occhi, sobrevoou a região de Mariana (MG) nesta sexta-feira, e disse em entrevista à TV NBR que a Defesa Civil, a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros já tomaram as providências necessárias e, inicialmente, não há risco de novos acidentes, já que existe ainda uma outra barragem da empresa no local, que está sendo monitorada.

“A nossa presença aqui com a Defesa Civil Nacional e o Exército é no sentido de apoiar as ações que já estão sendo desenvolvidas. As Polícias Militar e Civil, o Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil do Estado de Minas Gerais já tomaram praticamente todas as providências. Estão sendo atendidas todas as famílias atingidas pela própria empresa Samarco. Nós visitamos as áreas atingidas, junto com o governador (Fernando Pimentel). Nós também estivemos reunidos com a diretoria da Samarco, onde eles estão monitorando permanentemente uma outra barragem que eles têm, para fazer laudos, para ver se houve ou há algum risco. Em princípio não há risco nenhum. Não tem nenhum tipo de preocupação, mas o monitoramento está sendo feito”.

Gilberto Occhi explicou que está sendo feito um levantamento junto às famílias da região para obter informações sobre os desaparecidos e, assim, direcionar melhor os trabalhos de resgate.

“Nós não temos nenhuma previsão ainda porque estamos fazendo o levantamento das famílias. E é através dessas famílias que nós poderemos identificar aqueles que estão desaparecidos e aí tomar algumas providências de busca por eles na região e, eventualmente, lamentavelmente, nos destroços daquilo que aconteceu aqui. O governador está destacando uma equipe para que possa apoiar as famílias que perderam seus documentos, para a retirada de documentos. E eu solicitei que a Caixa Econômica Federal se aliasse a essa equipe no sentido de ajudar, não só na retirada dos documentos, mas de determinados cartões, para receber benefícios, como o Bolsa Família. Tudo isso, junto com o Ministério Público Estadual, está sendo elaborado neste momento para dar apoio às famílias”.

O Governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, também conversou com a imprensa e disse que a Polícia Civil já abriu inquérito para apurar as causas do desastre, ressaltando que a preocupação no momento é procurar vítimas e atender os desabrigados.

“Tudo que pode ser feito está sendo feito. O Ministério Público está acompanhando. Do ponto de vista das providências, há também o inquérito que a Polícia Civil já abriu para identificar as causas desse acidente. É muito cedo para a gente falar qualquer coisa e tirar qualquer conclusão. Nossa preocupação agora é atender os desabrigados, localizar os que não foram localizados até agora, procurar as vítimas e atender bem as famílias que foram atingidas. O governo do estado está inteiramente mobilizado para isso, e vamos continuar trabalhando o tempo que for necessário”. 

O diretor-presidente da Samarco, Ricardo Vescovi, disse em entrevista coletiva que a barragem do Fundão, em Bento Rodrigues, se rompeu por volta das 15h de ontem, e todo o material foi em direção à segunda barragem, que estava com 55 milhões de metros cúbicos de água, formando a onda de lama que invadiu o distrito de Bento Rodrigues. De acordo com ele, a barragem era monitorada e o rejeito de minério que estava armazenado não é tóxico. Até o momento, 13 funcionários da empresa estão desaparecidos. 

A lama que vazou das barragens, vistoriadas por autoridades ambientais em julho de 2015, já avançou por 70 quilômetros do local do acidente, e, segundo a Prefeitura de Mariana, atingiu outros quatro distritos (Águas Claras, Ponte do Grama, Paracatu, Pedras) e a cidade de Barra Longa.

A Universidade de São Paulo (USP) e o Observatório Sismológico da Universidade de Brasília registraram abalos sísmicos em Minas Gerais horas antes do rompimento da barragem do Fundão. Entretanto, segundo a mineradora, uma equipe verificou o local e não constatou aparentemente nenhum problema. Depois de um certo tempo, começou a ruptura. De acordo com o observatório da UnB, houve dois abalos principais: um aconteceu às 14h02, com magnitude de 2,5 graus na Escala Richter, e o outro, às 14h03, com 2,7 graus de magnitude. Os outros tremores próximos à região tiveram magnitude inferior aos 2,5 graus.

O prefeito da cidade de Mariana, Duarte Júnior, disse à imprensa que  ainda é cedo para se especular as causas do rompimento das barragens, mas os tremores também vão ser analisados e, na hora certa, cada um será cobrado por sua responsabilidade.

“Alguns funcionários com os quais eu conversei me relataram que perceberam um certo abalo sísmico num determinado momento. Mas é muito cedo, muito prematuro, para dizer que foi isso. Nós vamos acompanhar a fiscalização e, no momento oportuno, nós vamos cobrar também para que cada um possa assumir a sua responsabilidade, porque é claro que nós devemos cobrar a responsabilidade, cada um deve, sim, assumir a sua responsabilidade”.

As famílias atingidas pelo desastre estão sendo apoiadas pela própria mineradora. Enquanto uma parte foi realocada em hotéis e pousadas próximas, outras famílias foram levadas para o ginásio da cidade de Mariana. A prefeitura pede neste momento doações de objetos de uso pessoal, utensílios descartáveis e água potável.

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