Sérvia se esforça para lidar com a tensão aumentada pela OTAN?

© Sputnik / Aleksei Nikolsky / Acessar o banco de imagensO presidente russo, Vladimir Putin e o primeiro-ministro sérvio, Aleksandar Vucic
O presidente russo, Vladimir Putin e o primeiro-ministro sérvio, Aleksandar Vucic - Sputnik Brasil
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Em meio do desenvolvimento militar da OTAN no Leste europeu, um país pequeno, a Sérvia, tenta continuar com a sua política de neutralidade, mas enfrenta cada vez mais obstáculos.

A visita da delegação sérvia chefiada pelo premiê Aleksandar Vucic a Moscou parece uma prova de intenção de não ficar atrás e agir considerando a atualidade nos Balcãs. A cooperação energética foi o segundo tema maior discutido âmbito da visita, que se deu entre dias 27 e 29 de outubro. Estudemos os resultados com mais cuidado.

Neutralidade – sim. Vulnerabilidade – não!

Primeiramente vale lembrar que duas semanas antes da visita de Vucic, a mídia sérvia divulgou que em Moscou deveria ser anunciada uma proposta grande de cooperação técnico-militar entre os países, inclusive o fornecimento de sistemas antimísseis russos S-300.

“Se alguém nos perguntar para que precisamos de armas, deveriam perguntar também para que os Estados vizinhos nossos precisam de armas, á que estamos rodeados por Estados-membros da OTAN, e só a Sérvia fica fora do bloco,” declarou o premiê sérvio durante a visita.

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Essa declaração de Vucic veio depois de uma recente informação de que a Croácia tinha pedido o Pentágono fornecer de graça 16 lançadores múltiplos de foguetes M270 MLRS. 

Segundo Vucic, a Sérvia cala-se quando outros países compram helicópteros militares, carros blindados, obuses e outro material bélico. Mas durante a visita, ele várias vezes destacou à necessidade de fortalecer a defesa sérvia, entre outras coisas, produzir armamentos no país em cooperação com a Rússia, tendo em conta a gradual desestabilização da situação nos Balcãs.

“E amanhã, quanto o mundo terá outro ordem dos poderes, você me perguntará o que eu fiz para proteger o meu país?”, disse.

A vida após Corrente do Sul

Como todo o mundo lembra, Belgrado tinha altas esperanças na construção do gasoduto russo South Stream (Corrente do Sul) que deveria passar pelo território sérvio, e não só traria 500 milhões de euros ao orçamento do país, mas também permitiria evitar os riscos geopolíticos que o transporte de gás via Ucrânia apresenta, tendo em conta a situação instável no país.

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Mas após a construção do gasoduto foi abandonada definitivamente em dezembro de 2014 devido à postura pouco construtiva da União Europeia em relação à realização do projeto, a Sérvia foi obrigada a começar a buscar pela diversificação do fornecimento de gás.

Mesmo assim, após a visita, Aleksandar Vucic negou-se a especificar os pormenores dos resultados da reunião com o presidente russo, Vladimir Putin. 

Só o premiê russo, Dmitry Medvedev, divulgou a sua reunião com Vucic, que as partes “continuam trabalhando para garantir estabilidade de fornecimentos de gás”. O premiê russo sublinhou que informou o seu colega sérvio sobre possíveis alternativas ao projeto Corrente do Sul, mas não foram feitas quaisquer declarações extraordinárias ou claras.

Moscou + Belgrado = ordem e prosperidade

Várias especialistas classificam as atuais relações russo-sérvias como construtivas e dão previsão que o diálogo continuará durante a visita do vice-premiê russo Dmitry Rogozin a Belgrado.

O ex-diplomata sérvio Vladislav Jovanovic disse à Sputnik que Moscou nunca aplicava pressão sobre Belgrado, enquanto cada proposta do Ocidente chega com certas condições.

“O fato de a América [do Norte] presentear vários sistemas de lançadores de mísseis à Croácia não contribui para estabilização da situação nos Balcãs. Só pode provocar uma minicorrida armamentista. E este fato deve ser estudado no contexto das metas geopolíticas de Washington nos Balcãs,” disse.

O especialista russo na área militar Vladimir Krutikov na entrevista à Sputnik notou que a Rússia e a Sérvia poderiam cooperar mutualmente beneficamente na área da defesa. Falando sobre as metas principais para o exército sérvio, é claro que primeiramente é preciso aumentar possibilidades de segurança na direção croata. 

Krutikov sublinhou especialmente o fato que por cerca de dez anos a Sérvia não se dedicou ao exército e nesta situação a Rússia poderia ajudar com modernização do exército sérvio mais eficiente do que os parceiros europeus ou norte-americanos.

“As armas russas são mais baratas e, vamos dizer, familiares à região balcânica”, disse.

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