“O comando da OTAN sabia que aqui se localiza um hospital onde, entre outras coisas, prestam ajuda aos feridos em resultado de ações militares. Assim, observamos a violação de jus in bello. Não é humano e contradiz o direito internacional”, disse Ranjbar.
O chefe da organização social expressou a sua esperança de que o Afeganistão realize uma investigação imparcial, mas ainda não é claro quando isso acontecerá e se a investigação terá um caráter internacional.
“É difícil estar seguro de que em resultado de investigação, se for realizada, serão condenados todos os culpados. É que a nossa legislação afegã literalmente fica atada de pés e mãos quanto a tomar decisões independentes”, sublinhou Ranjbar.
Um dos médicos do hospital dos MSF que quis manter o anonimato teve um dia de folga no sábado. Em entrevista à Sputnik disse que todos os médicos do hospital foram mortos em resultado do ataque. Todos eles são cidadãos afegãos. Segundo ele, todos os médicos estrangeiros, por uma qualquer razão, saíram do hospital nas vésperas do ataque.
O médico entrevistado destacou que nos últimos dias o hospital acolheu e internou feridos em resultado das ações militares. A maioria dos feridos era talibãs porque a política da organização é assim que trabalha, “sem fronteiras” e preferências políticas. Os médicos do hospital tratam todos que precisam de ajuda médica. A despeito de informações na mídia, os talibãs não prenderam nenhum dos membros do pessoal do hospital dos MSF.
No sábado, um ataque aéreo dos EUA contra o hospital dos MSF em Kunduz matou 12 membros da organização e 10 pacientes, além de ferir outras 40 pessoas. No momento do bombardeio, que durou quase uma hora, estavam no local mais de 105 pacientes e 80 médicos.
Kunduz, uma cidade de 300 mil pessoas no norte do Afeganistão, foi recapturada pelas forças governamentais afegãs na quinta-feira (30). A cidade havia sido cercada pelos militantes do Talibã em maio.