O parlamento britânico frustrou o objetivo de Cameron com a maioria de votos contrários aos bombardeios, em agosto de 2013, semanas após a reunião entre o primeiro-ministro e o chefe do Estado Maior.
Síria não foi a única cena de conflito entre o general e Downing Street, de acordo com a biografia intitulada “Call me Dave” escrita pelo milionário Lord Ashcroft com a jornalista Isabel Oakeshott. Segundo os autores, a Líbia deu origem a disputas recorrentes e atingiram o pico quando o oficial acusou o premiê de incompetência em táticas militares.
O conservador Michael Ancram, ex-porta-voz da Defesa e das Relações Exteriores entre 2001 e 2005, por sua vez, acusa Cameron de “fazer na Líbia, o que Tony Blair fez no Iraque”, referindo-se à guerra que afundou o prestígio do ex-primeiro-ministro. “Estava determinado a mudar o regime”, diz agora sobre a ofensiva liderada pela Grã-Bretanha e pela França contra o líder líbio Muammar Khaddafi.
“Agora temos um país (Líbia) que não é governável… com vasta quantidade de armas do arsenal de Khaddafi deslocado para o sul armando o Boko Haram (na Nigéria). Eles são uma ameaça maior para nós do que era Khaddafi”, disse Ancram no livro de Ashcroft.
Lord Ashcroft insiste que a biografia não é uma vingança pessoal contra o primeiro-ministro, a quem ele acusa de renegar uma promessa de lhe dar um importante cargo no governo para chegar a Downing Street em 2010.
O gabinete de David Cameron se negou a comentar as afirmações contidas no livro.