Por que a AIEA não inspeciona programa nuclear de Israel mas presta tanta atenção ao Irã?

© AFP 2023 / JACK GUEZO reator nuclear israelense em Dimon
O reator nuclear israelense em Dimon - Sputnik Brasil
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Os países-membros da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) rejeitaram de novo, nesta quinta-feira, o projeto de resolução “Sobre o Potencial Nuclear de Israel”, apresentado por um grupo de países árabes liderado pelo Egito na 59ª conferência geral da agência, diz a RIA Novosti.

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Tradicionalmente no projeto há um apelo a Israel para aderir ao Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, assim como uma exigência de colocar os objetos nucleares e o programa nuclear do país sob controle da AIEA.

61 países-membros da AIEA votaram contra a resolução, inclusive todos os países da União Europeia e os EUA. 43 países, inclusive a Rússia, votaram a favor do projeto, 33 Estados abstiveram-se. 

O Egito repetidamente faz tais propostas exigindo dar acesso aos inspetores da AIEA para o reator nuclear em Dimona.

Em 2010, 2013, 2014 tais resoluções foram rejeitadas pela maioria dos países-membros da AIEA e em 2011 e 2012 tais resoluções não foram apresentadas.

A chancelaria do chefe do governo israelense Benjamin Netanyahu chamou a decisão da AIEA de “maior vitória da diplomacia israelense na arena internacional”, diz a edição Newsru.co.il.

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Porque a AIEA não quer inspecionar os objetos nucleares do Israel que não faz parte do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares mas exerceu pressão contra o Irã? A Sputnik Brasil falou com o especialista russo do Instituto da Energia e Finanças, Sergei Kondratiev.

“Em relação ao Israel [a AIEA] tradicionalmente segue uma linha mais suave [do que em relação ao Irã e Coreia do Norte] em primeiro lugar porque o Israel é ligado por relações estreitas de aliança”.

O especialista opina que o recuso de inspecionar os objetos nucleares do Israel não é uma decisão surpreendente, mas sim cabe em uma tendência remota. 

“Se falarmos sobre o Irã, aqui têm o papel muito importante as relações do Irã com os países do Ocidente porque elas até o último tempo elas foram difíceis, negativas. Isto com certeza contribuía para que eles [países do Ocidente] inclusive através da AIEA exerciam pressão contra o Irã com exigência de colocar os seus objetos nucleares sob controle”. 

Segundo Kondratiev, “Israel tem bastante boas relações tanto com os países da UE, quanto com os EUA, tais exigências em relação a Israel não são apresentadas, embora o programa nuclear do Israel seja realmente muito fechado e eu diria que é ainda mais fechada de que o do Irã pelo menos para os observadores externos, inclusive a AIEA”.

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Comentando o assunto de alegada existência de armas nucleares israelenses discutida no nível de rumores, o especialista disse que “ele pode possuí-lo”.

“A diferença de aproximações por parte da AIEA [em relação ao Israel e o Irã] é um pouco surpreendente”, concluiu Kondratiev. 

Porém, o especialista rejeitou a possibilidade de guerra nuclear no Médio Oriente:

“O uso de armas nucleares por Israel contra outros países no Médio Oriente ou vice-versa é absolutamente inverossímil”. 

Sayed Hadi Sayyed Afqahi, ex-diplomata iraniano, também tocou na questão de duplos padrões por parte da Agência Internacional de Energia Atômica:

“Há um superpoder, os EUA, e os países europeus que apoiam a posição israelense sobre o seu programa nuclear, e a sua atitude impede Israel de assinar o Tratado sobre a Não Proliferação das Armas Nucleares.

Os duplos padrões indicam que nós temos o direito de duvidar dos relatórios da AIEA sobre os programas nucleares israelenses apresentadas perante o Conselho de Segurança da ONU e o sexteto. Estes relatórios são engajados, e eu tenho provas de que elas têm que ver com Israel e os EUA; enfatizam a hostilidade”.

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