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Deputado Wadih Damous: Está havendo perseguição política ao ex-Presidente Lula

© AGE / Marcos de PaulaLula, em ato de defesa da Petrobras.
Lula, em ato de defesa da Petrobras. - Sputnik Brasil
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O ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou estar se sentindo perseguido pelo delegado da Polícia Federal que solicitou ao STF que Lula seja ouvido num desdobramento das investigações relacionadas à Operação Lava Jato. O Deputado Federal Wadih Damous fala sobre o assunto com exclusividade para a Sputnik Brasil.

De acordo com Lula, essa é uma tentativa de atingi-lo politicamente, já que o próprio Delegado Josélio Azevedo de Souza reconheceu, durante o relatório, não haver provas do envolvimento direto do ex-presidente no desvio de recursos da Petrobras.

O Deputado Federal Wadih Damous, do PT-RJ, ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil Seção do Estado do Rio de Janeiro, em entrevista exclusiva para a Sputnik Brasil, considerou despropositado o pedido para que o Supremo Tribunal Federal autorize a oitiva do ex-Presidente Lula nas investigações da Operação Lava Jato.

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Sputnik: O que o senhor pensa da declaração do ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que se sente perseguido pela Polícia Federal?

Wadih Damous: O desabafo do Presidente Lula é absolutamente compreensível, porque efetivamente está havendo perseguição. O Presidente Lula tem sido achincalhado, em manifestações por parte de desclassificados, delinquentes políticos e nazifascistas, que levam o boneco infame que traduz o crime de injúria, e nós não vemos por parte dos senhores delegados de polícia nenhuma atitude para prender quem está portando o boneco e apreender o tal boneco em flagrante por crime de injúria. O Presidente Lula tem sido diuturnamente achincalhado pela grande imprensa do país com notícias mentirosas, levianas. O Presidente Lula tem sido objeto, por parte agora desses investigadores da Polícia Federal, de exatamente uma perseguição. Nesse caso, dois relatores, ou seja, dois bandidos, ainda assim ao fazerem sua delação dizem: “Olha, eu presumo.” Como uma presunção de dois delinquentes, de duas pessoas que estão apenas fazendo delação premiada, pode ensejar a um delegado da Polícia Federal pedir a abertura de investigação contra o Presidente Lula? Se eu fosse me equiparar e descer ao nível desse delegado, de fazer afirmações com base em ilações, eu diria que ele é um militante da oposição, um militante do PSDB.

S: O senhor vê partidarização nessa atitude da Polícia Federal, do Delegado Josélio Azevedo de Souza?

WD: Que há um segmento da Polícia Federal partidarizado e que tem funcionado como polícia política, e isso é muito grave. Não vou acusar esse delegado disso, porque eu estaria fazendo exatamente o que ele está fazendo. Se eu fosse tratar presunção como verdade, eu estaria cumprindo o mesmo papel que ele está cumprindo. Só acho que ele não tem condição de ser delegado da Polícia Federal. Está mostrando no mínimo isso. Se não for má-fé, ele está mostrando ignorância, que não tem preparo para exercer as altas funções de um agente delegado da Polícia Federal.

S: Em declarações ao jornal “Folha de S. Paulo” o senhor disse que a medida solicitada pelo Delegado Josélio Azevedo de Souza é despropositada. O senhor confirma essa declaração?

WD: Confirmo e afirmo: é despropositada. É ilegal. É desfundamentada. Não tenho a menor dúvida de que o Procurador-Geral da República simplesmente, em uma canetada só de menos de uma linha, vai arquivar essa aventura proposta por esse delegado.

S: A tendência é de que o Ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, encaminhe à apreciação do Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot. O senhor entende que ele negará a solicitação do delegado da Polícia Federal?

WD: Eu acho, até porque não há outro caminho.

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S: O senhor teve oportunidade de conversar com o ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre todas essas questões?

WD: Sobre esse episódio, não. O Presidente Lula está viajando por esses dias, ele foi a países da América Latina, e não tive oportunidade de conversar com ele. E em relação a isso nem precisava. A minha opinião sobre isso independe da opinião do Presidente Lula. Eu tenho consciência jurídica, eu sou advogado. Eu tenho um mínimo de discernimento para saber quando um inquérito policial deve ser aberto e quando não deve, quando uma investigação deve ser inaugurada ou não. A opinião do Presidente Lula nesse sentido, para que eu forme a minha convicção, é irrelevante.

S: O senhor acredita que a investigação da Polícia Federal na Operação Lava Jato e também a dos procuradores de Curitiba, no Paraná, estão seguindo uma linha partidária?

WD: Eu estaria sendo talvez leviano se afirmasse de forma peremptória que está seguindo uma linha partidária. Agora, que tem desrespeitado direitos e garantias fundamentais dos acusados, que tem desrespeitado a Constituição, que tem desrespeitado as leis, eu não tenho a menor dúvida. Essa Operação Lava Jato em nome do combate à corrupção está corrompendo a democracia brasileira.

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