Casa Branca diz nada saber sobre a parada militar na China

© REUTERS / Damir SagoljOficiais e soldados durante ensaio para a Parada em comemoração ao 70º aniversário da vitória do povo chinês na guerra contra o Japão
Oficiais e soldados durante ensaio para a Parada em comemoração ao 70º aniversário da vitória do povo chinês na guerra contra o Japão - Sputnik Brasil
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O porta-voz do presidente dos EUA, Josh Earnest, declarou que nada sabe sobre o desfile militar a ser realizado na capital chinesa por ocasião do 70º aniversário da vitória do povo chinês na guerra contra o Japão.

A parada será realizada em 3 de setembro e contará com a participação de vários líderes estrangeiros, mas não do líder norte-americano. O porta-voz de Barack Obama declarou no briefing na segunda-feira (31) que nada sabe sobre o plano do presidente chinês, Xi Jinping, de celebrar a data.

Mas a declaração denota malícia ou falta de vontade de discutir o tema. O evento que reunirá cerca de 30 líderes mundiais não pode simplesmente passar despercebido pelo presidente dos EUA. Especialmente tendo em conta o fato de que o presidente russo, Vladimir Putin, visitará a China não só para participar das celebrações, mas também para realizar reuniões importantes para a política internacional e regional. 

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Josh Earnest também não podia omitir a informação de que o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, assistirá a parada militar em Pequim, em particular no pano de fundo da preocupação expressa pelo aliado próximo dos EUA, o Japão, sobre o fato de que a visita alegadamente viola a neutralidade da ONU.

Será que Obama não informou o seu porta-voz de que instou os aliados na Europa Ocidental, Japão e Coreia do Sul a ignorarem as celebrações em Pequim? É pouco provável.

Durante a visita entre 28 e 29 de agosto do “braço direito” do presidente norte-americano, quer dizer a conselheira de Segurança Nacional Susan Rice, a funcionária discutiu a questão da parada com vários altos funcionários chineses, inclusive com o chefe do Estado, Xi Jinping. 

© Sputnik / Vitaly PodvitskyCegueira seletiva
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Cegueira seletiva
Será que Josh Earnest não foi informado destes fatos? É pouco provável, pois estar informado sobre tudo isto é a sua obrigação profissional, especialmente se a visita de Rice foi parte dos preparativos para a visita oficial do presidente dos EUA à China. O especialista em relações EUA-China do Centro Tsinghua, Tao Wenzhao, comentou o assunto à Sputnik:

“É claro que a China convidou os Estados Unidos para participar nas celebrações. Mas sabemos da agenda densa do presidente norte-americano e que ele poderia não ir. O presidente chinês, Xi Jinping, visitará os EUA nos finais de setembro. Nas palavras do porta-voz do presidente norte-americano sente-se arrogância, mas, no fundo, é ainda uma maneira de fugir da pergunta.”

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Não foi só Obama que ignorou o convite da China, as tropas norte-americanas não participarão no desfile, não obstante os EUA terem sido aliados da China na Guerra do Pacífico.

Tal como aconteceu na Parada da Vitória na Praça Vermelha, realizada em 9 de maio em Moscou para comemorar a Grande Vitória na Segunda Guerra Mundial, os EUA ficam fora das celebrações. O especialista russo, chefe do Centro de Pesquisas Coreanas do Instituto de Estudos Orientais da Academia de Ciências russa, Aleksandr Vorontsov, disse à Sputnik: 

“Mais uma data da Segunda Guerra Mundial tornou-se um exemplo das atitudes das grandes potências em relação à História. O fato de que vários líderes ocidentais ignoraram a convite de ir a Moscou em 9 de maio, primeiramente os EUA e o Japão, gerou muitas críticas no próprio Ocidente. Muitos criticaram o fato de que as divergências atuais é uma coisa, mas os acontecimentos do passado e a verdade histórica é outra. Especialmente no que se refere a uma data histórica tão importante, quando o futuro do mundo foi decidido. Mas, infelizmente, a história parece se repetir com as celebrações de Pequim.”

Barack Obama não foi a Moscou e pediu aos seus parceiros ocidentais para fazer o mesmo por causa da situação na Ucrânia. Os líderes ocidentais não vão a Pequim porque não querem irritar o Japão uma vez mais e indicar com a sua presença na parada militar que reconhecem a crescente confiança chinesa no seu poder econômico e militar.

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Desta vez nem todos os aliados parecem obedecer à vontade dos EUA. A participação da presidente da Coreia do Sul, Park Geun-hye, nas comemorações em Pequim está ainda sob questão. Mas o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, e o premiê japonês, Shinzo Abe, não irão a Pequim. Mesmo assim Abe planeja visitar a China no futuro próximo. 

Entretanto, Moscou e Pequim comemoram em conjunto as datas de 9 de maio e 3 de setembro. Vão mostrar pela segunda vez que são unidos na sua avaliação dos resultados da Segunda Guerra Mundial e que têm a mesma atitude negativa em relação às várias tentativas de falsear a História.

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