Opinião: Ao fortalecer o Extremo Oriente a Rússia mais se aproxima da bacia do Pacífico

© Sputnik / Ramil Sitdikov / Acessar o banco de imagensA ponte Zolotoy na cidade de Vladivostok, Rússia. Foi uma das pontes construídas na preparação para a cúpula da APEC. O comprimento total da ponte é de 1.388 metros.
A ponte Zolotoy na cidade de Vladivostok, Rússia. Foi uma das pontes construídas na preparação para a cúpula da APEC. O comprimento total da ponte é de 1.388 metros. - Sputnik Brasil
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Entre os dias 3 e 5 de setembro a cidade de Vladivostok, na Rússia, sediará o Fórum Econômico do Oriente, um dos mais importantes eventos da economia mundial. O especialista Diego Pautasso fala sobre o evento, com exclusividade para a Sputnik Brasil.

Os dois mais importantes mandatários da Rússia – o Presidente Vladimir Putin e o Primeiro-Ministro Dmitri Medvedev – estarão presentes ao Fórum, que também terá a participação de outros destacados membros do Governo russo, como o Vice-Primeiro-Ministro Yuri Tretnev, plenipotenciário para o Extremo Oriente, e ainda o ministro para o Desenvolvimento do Extremo Oriente, Aleksander Galushka.

Especialista em Rússia e China, o Professor Diego Pautasso, da Unisinos – Universidade do Vale dos Sinos, da Escola Superior de Propaganda e Marketing do Rio Grande do Sul e do Colégio Militar de Porto Alegre, analisa em entrevista exclusiva para a Sputnik Brasil o Fórum Econômico do Oriente.

Setor petroquímico de Vladivostok. - Sputnik Brasil
Exploração mineral e indústria petroquímica serão temas do Fórum Econômico do Oriente
Sputnik: Que importância o senhor confere a este Fórum?

Diego Pautasso: Este Fórum tem um simbolismo e uma representatividade bastante importantes, e pode ser visto de diversas perspectivas: a primeira é o fato de a Rússia se reafirmar do ponto de vista econômico e geopolítico, processo que vem acontecendo desde a primeira eleição de Vladimir Putin à Presidência. O segundo aspecto diz respeito ao desenvolvimento interno e à integração territorial da própria Rússia, já que em função de sua vastidão territorial e do subpovoamento do Leste, criar iniciativas para aquela região tem uma natureza econômica e até de segurança. E um terceiro aspecto importante é: ao fortalecer o desenvolvimento do Leste do país, aproximar a Rússia, ainda mais, da bacia do Pacífico, que hoje é a região que mais cresce no mundo, puxada pela China e pelos demais países da Ásia.

S: E Vladivostok tem uma localização estratégica para isso. A cidade foi remodelada para a Conferência da APEC e ainda passa por amplas modernizações, e a Rússia tem feito grandes programações no Extremo Oriente, tanto valorizando Vladivostok, que abriga a Frota o Pacífico da Rússia, como também desenvolvendo um intenso plano turístico para toda aquela região, notadamente a península de Kamchatka.

DP: Trata-se de uma iniciativa de desenvolvimento para captar investimento e se conectar à dinâmica produtiva do Leste da Ásia. Com relação ao aspecto do povoamento, e consequentemente de segurança, é preciso lembrar que na área fronteiriça à Rússia naquela região existem mais de 110, 120 milhões de pessoas, enquanto no lado russo existe aproximadamente um décimo da população. Do ponto de vista do Estado, é importante ter uma presença territorial e populacional mais efetiva para garantir a estabilidade das fronteiras.

Rublo russo - Sputnik Brasil
Fórum Econômico do Oriente deverá contar com a presença de 1.500 estrangeiros
S: Este Fórum Econômico tem uma importância especial para o Governo russo, tanto que os seus dois principais mandatários, o Presidente Vladimir Putin e o Primeiro-Ministro Dmitri Medvedev estarão presentes ao evento. Isto é fator suficiente para mostrar como o Governo se faz presente naquela região russa e como os planos do Governo são ambiciosos para Vladivostok e para todo o Extremo Oriente?

DP: É importante este aspecto de priorizar e dedicar energias e esforços governamentais nesta direção, e eu acrescento a esta informação o fato de que a Rússia vem fazendo uma política bem-sucedida de recuperar seu contingente populacional. Entre 1993 e 2009 a Rússia teve decréscimo populacional, e naquele período fizeram projeções até catastróficas acerca do declínio populacional russo. Mas de 2010 até a atualidade a população da Rússia voltou a crescer, e só no último ano cresceu mais de 3 milhões de pessoas, de modo que este esforço de resolver esta problemática demográfica e trabalhar isto do ponto de vista da integração e do desenvolvimento territorial russo está no centro da agenda do atual Governo.

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