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Opinião: “Nova Taxa Selic significa novos e maiores problemas”

© Marcos Santos/USP ImagensBC eleva juros
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A divulgação da nova Taxa Selic, que cresceu 0,5%, atingindo 14,25%, não surpreendeu, mas preocupa os economistas.

O jornalista especializado em economia Mário Russo, ex-editor do “Jornal do Commercio”, do Rio de Janeiro, comentou com exclusividade para a Sputnik Brasil o resultado da reunião do Copom – Comitê de Política Monetária do Banco Central.

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Sputnik: O Banco Central fixou a nova Taxa Selic, que aumentou de 13,75% para 14,25% ao ano, a maior desde agosto de 2006. O que significa isso na prática para a pessoa comum, que tem as suas obrigações financeiras do dia a dia?

Mário Russo: Significa problemas sérios para todo mundo: para a empresa, para nós pobres mortais consumidores e para o próprio Governo. Esse maior juro em 9 anos vai ter um impacto calculado em 7 bilhões de reais na dívida pública. O Brasil há muitos anos vem numa certa contramão de outros países que convivem com inflação não tão elevada quanto a nossa, que já está elevada. Mas é o tipo da doença do remédio único: quando a inflação está persistente, o Governo aumenta os juros. E este aumento é uma faca de dois gumes porque, toda vez que a Taxa Selic aumenta, é uma tentativa de fazer, em primeiro lugar, com que o consumidor consuma menos, gaste menos – e ele já está gastando menos há muito tempo pela própria diminuição da economia –, e, em segundo lugar, o aumento dos juros é uma forma de tentar frear o aumento dos preços. Só que isso não está dando resultado, e os preços continuam subindo, e a prova é que a inflação está preocupando muito, em junho ela chegou a 8,89%. O IPCA 15, que é o Índice de Preços ao Consumidor Amplo, que é feito duas vezes ao mês, já passou de 10% no Rio de Janeiro e em Curitiba. E a inflação está subindo e o Banco Central mais uma vez aumenta a Taxa Selic. Não está dando certo e está provocando um estrago muito grande. Os últimos números são bastante preocupantes.

Nesta semana, a agência de risco Standard & Poor's mudou a perspectiva da nota brasileira com relação à dívida, de estável para negativa. Se lembrarmos que alta de preços e queda da produção devido à queda do consumo têm um impacto no emprego, veremos que esse número de 200 mil vagas fechadas no primeiro semestre, das quais 191 mil só no comércio, que é o setor que mais emprega, é outro dado preocupante.

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S: E a inflação?

MR: Estão dizendo que a inflação não vai estourar os dois dígitos, que vai diminuir a partir do segundo semestre, só que o índice que mede a confiança da construção civil caiu 4,7% em julho; a do setor de serviços, que é superimportante, recuou 2,9%, o menor patamar desde 2008; as empresas estão mais endividadas, a Serasa divulgou o aumento de 11,7% no valor dos títulos protestados no primeiro semestre; as dívidas das empresas com bancos aumentaram 1,3% de junho para julho.

Temos uma gama de indicadores que mostram que a economia não vai muito bem e aumentar a taxa de juros para combater a inflação é dar um tiro no pé. Há uma estimativa do mercado de que a inflação pode chegar a 9,2%, que é o dobro do centro da meta estipulado pelo Banco Central para este ano, que é de 4,5%.

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