Dilemas de Merkel: popularidade em casa ou solidariedade na Europa?

© AP Photo / Markus SchreiberChanceler da Alemanha Angela Merkel
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Depois da categórica mensagem enviada pela população grega aos seus credores internacionais no último domingo (5), a chanceler alemã, Angela Merkel, no comando da maior potência econômica da União Europeia, se vê agora diante de um dilema estratégico.

Ou ela chega a um acordo com o Governo grego para estender a ajuda financeira ao país em crise – decisão que seria extremamente impopular entre seus eleitores alemães –, ou arrisca a sobrevivência do próprio projeto europeu, aceitando a saída da Grécia da zona do Euro.

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De acordo com uma pesquisa de opinião pública publicada na terça-feira (7) pelo diário Bild, a popularidade da chanceler alemã e de seu ministro das Finanças, Wolfgang Schäuble, atingiu níveis maiores entre o eleitorado alemão quando Berlim endureceu a fala com Atenas.

Encomendada pelo Bild, a pesquisa realizada pelo instituto Insa revela que, juntos, os partidos da coalizão governamental alemã União Democrata-Cristã (CDU) e União Social-Cristã na Baviera (CSU) alcançaram 43% de aprovação popular, o que indica um aumento de 3,5 pontos percentuais em relação à taxa de popularidade registrada na semana passada. Segundo o diretor do Insa, Hermann Binkert, “os alemães confiam na União [CDU/SDU]”.

“Acima de tudo, eles apoiam Schäuble e apostam em sua firmeza”, acrescentou Binkert.

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A pesquisa envolveu 2.189 eleitores na Alemanha, entre os dias 3 e 6 de julho.

Também na terça-feira, após uma reunião extraordinária do Conselho Europeu em Bruxelas, Merkel disse que ainda não existiam condições para iniciar negociações sobre um terceiro pacote de ajuda à Grécia, e que esperava “propostas detalhadas” do Governo grego até a quinta-feira (9).

Já nesta quarta-feira (8), o pedido foi parcialmente atendido pelo premiê grego Alexis Tsipras – que, nas palavras do líder revolucionário cubano Fidel Castro, conseguiu uma “brilhante vitória política” com a vitória do “não” à austeridade e aos interesses financeiros internacionais no referendo do dia 5.

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Em carta enviada ao Eurogrupo, o novo ministro das Finanças de Tsipras, Euclidis Tsakalotos, solicitou um novo pacote de ajuda financeira de 50 bilhões de euros ao dispositivo de resgate de crédito da União Europeia – o chamado Mecanismo Europeu de Estabilidade (Mede). O empréstimo se refere a um período de três anos e seria destinado exclusivamente para pagar a dívida da Grécia e “garantir a estabilidade do sistema financeiro”.

A proposta inclui medidas de reformas no sistema fiscal, bem como no sistema de pensões, e promete cumprir o prazo de quinta-feira para apresentar maiores detalhes da agenda.  

Discursando hoje no Parlamento europeu, Tsipras pediu a “solidariedade da Europa” e negou a existência de planos “secretos” para tirar o país da zona do Euro.

“No referendo, o povo grego reforçou o mandato para que se encontre uma solução justa. Não foi um mandato para a ruptura com a União Europeia. Ela [a UE] tem que ser democrática, ou enfrentará dificuldades”, ponderou o primeiro-ministro.

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Agora, resta esperar para ver se a “solidariedade” ainda pesa nos princípios democráticos do bloco europeu. A capa do Bild de ontem proclamava: “Chega de bilhões para a Grécia – precisamos de nossa chanceler de ferro”. A julgar pelo tom, se depender da opinião pública alemã, pesará mais o princípio da austeridade.

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