Reaproximação entre EUA e Cuba: parceria ou controle norte-americano?

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O presidente dos EUA, Barack Obama, declarou que a política de sanções contra Cuba não foi eficaz.

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Obama confirmou que a política das sanções contra Cuba provocou inclusive o efeito oposto:

“Em vez de isolar Cuba, os Estados Unidos ficaram isolados de um dos nossos vizinhos no hemisfério Ocidental.”

Lembramos que em dezembro do ano 2014 a administração de Obama anunciou a intenção de normalizar as relações bilaterais com Cuba. Na quarta-feira (1 de julho) o presidente norte-americano anunciou que os EUA e Cuba chegaram a um acordo para reabrir suas respetivas embaixadas em Havana e Washington e, desta forma, retomaram as relações diplomáticas entre os dois países.

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Enquanto isso, os EUA não têm planos de fechar a sua base militar no Guantánamo, declarou na quarta-feira (1) o ministro da Defesa norte-americana, Ashton Carter.

A redatora-chefe da redação da América Latina da agência de informação Regnum, Tatiana Poloskova, comentou à Sputnik a situação contraditória e as perspectivas de reaproximação entre os EUA e Cuba:

“O conceito de aproximação dos EUA é sempre muito peculiar. Por exemplo, os resultados da visita de Dilma Rousseff, a presidente do Brasil, aos Estados Unidos claramente ilustram este fato. Os EUA compreendem a aproximação primeiramente como controle. E o controle não precisa ser sobre o território ou a economia, embora seja muito importante, mas acima de tudo é o controle da mentalidade.”

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A especialista sublinhou que a abertura das embaixadas não é suficiente para resolver todo o leque de questões e resolver todos os problemas que existem entre os países.

“Uma Embaixada é uma entidade protocolar […], a estrutura que vai cumprir as funções de protocolo. Mas, no entanto, os EUA nunca e em nenhuma parte cumprem só as funções que devem ser cumpridas pela embaixada. É claro que eles vão influir na situação.”

A redatora-chefe também sublinhou:

“Agora a situação não permite tomar territórios, como eles [os EUA] fizeram mais cedo com outros países. Entram, declarando que chegam em nome da paz e democracia, como foi no Panamá, e depois saem, deixando o seu líder no poder. É claro que os EUA tentarão mudar a elite no poder de Cuba.”

Tatiana Poloskova também disse que Cuba não tem vias para exigir a saída dos EUA do território de Guantánamo.

Segundo a especialista, neste caso os dois países são “jogadores desiguais”. Enquanto isso, Poloskova acredita que, se Cuba sentisse o apoio real de um parceiro igual aos EUA, por exemplo, da Rússia ou da China, o tom de conversa seria diferente.

“Neste caso, o único que poderia pressionar é um parceiro equivalente”, disse.

O redator-chefe da revista América Latina, da Academia de Ciências Russa, Vladimir Travkin, declarou à Sputnik que a liquidação da base militar dos EUA em Guantánamo é possível, mas não deve ser esperada em breve:

“Acho que para a base voltar à posse de Cuba, que é o proprietário soberano dela, é preciso mudar muitas coisas nos próprios EUA. É preciso que eles compreendam por fim que devem respeitar as regras básicas das relações internacionais, e não só contar com a sua força. Isto é algo difícil para os EUA, porque vemos o seu comportamento na arena internacional e, por isso, é difícil prever a retirada em breve das forças navais e aéreas americanas de Cuba.”

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Os EUA arrendam desde 1903 a base em Guantánamo, localizada em Cuba. A rescisão antecipada do contrato relativo ao arrendamento é possível só por acordo de ambas as partes. Anualmente os EUA enviam o cheque de US$ 3,4 mil, mas o governo de Cuba não aceita o dinheiro, porque acham que os militares norte-americanos devem sair da ilha.

A prisão de Guantánamo, que abriga presos acusados de terrorismo, muitos deles sem acusações formais, está também localizada na ilha e provoca muita controvérsia. Barack Obama já prometeu várias vezes fechar a prisão, mas o Congresso ainda não deu a sua autorização.

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