WikiLeaks revela como EUA tentam intensificar comércio exclusivamente em seus interesses

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Caminhão com inscrição Wikileaks em frente à Casa Branca, em Washington DC, Estados Unidos - Sputnik Brasil
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Um ex-delegado da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito Comercial Internacional (UNCITRAL) declarou que os documentos do Acordo sobre Comércio e Serviços (TiSA na sigla em inglês) tornados públicos mostram como os EUA tentam remover barreiras nos mercados estrangeiros para servir os seus interesses econômicos sob o pretexto de comércio livre.

O professor de Direito Raj Bhala, da Universidade de Kansas, disse à emissora Sputnik que os documentos do TiSA publicados no site oficial da WikiLeaks mostram a agenda real norte-americana nos mercados estrangeiros:

"Vemos os EUA continuando a retórica do comércio livre, mas, de fato, tomando posições muito mercantilistas [no TiSA] com a intenção de destruir as barreiras aos serviços estrangeiros, destruição que eles precisam para os seus interesses econômicos de curto prazo."

Mais cedo na quarta-feira (2) a WikiLeaks publicou 17 documentos das negociações em curso entre as partes envolvidas no TiSA, a proposta do tratado internacional de comércio entre 24 países, inclusive os EUA e Estados da União Europeia.

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Segundo Bhala, o TiSA promove os princípios de comércio livre em certos setores que favorecem Washington e os seus parceiros "com ideias semelhantes", na chamada "coligação de vontades" liderada pelos EUA.

Não obstante, o especialista sublinhou que há um volume considerável de "comércio administrado " (ou seja, de protecionismo seletivo em relação a produtos ou parceiros especiais) em outros setores nos quais o comércio livre não serve os interesses dos Estados Unidos.

Bhala explicou que o TiSA é o resultado da frustração dos EUA com os países em desenvolvimento que continuam criando barreiras aos mercados de serviços nos quais os norte-americanos tentam entrar.

O professor disse ainda que um problema ainda maior é o fato de a agenda do comércio norte-americana já não ter como objetivo melhorar a economia global como, por exemplo, na década dos 1960 durante a presidência de John F. Kennedy.

"Nós [os Estados Unidos] não temos a visão estratégica de intensificar o comércio para o bem comum a fim de reduzir a pobreza e ajudar a reduzir extremismo", disse.

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A estratégia atual dos EUA, especificou, é impulsionada pelo que favorece os interesses nacionais e os interesses dos lobistas das empresas americanas.

Os documentos do TiSa publicados pela WikiLeaks contêm propostas e anexos sobre tais questões como o tráfego aéreo, marítimo, serviços, comércio eletrônico, serviços de entrega e sistemas de regulação nacional dos países.

O TiSA já foi várias vezes criticado pelo fato de o acordo abrir caminho para a regulação supranacional das leis trabalhistas, sistemas médicos, políticas financeira e industrial, podendo minar a autoridade dos governos em proteger os seus cidadãos.

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