1.200 presos escapam de prisão no Iêmen enquanto bombardeios sauditas atingem a população

© AFP 2023 / Mohammed HowaisApoiantes dos rebeldes houthis mostram modelos de mísseis durante uma manifestação na capital do Iêmen em 14 de junho de 2015.
Apoiantes dos rebeldes houthis mostram modelos de mísseis durante uma manifestação na capital do Iêmen em 14 de junho de 2015. - Sputnik Brasil
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Cerca de 1.200 prisioneiros, incluindo suspeitos da Al-Qaeda, escaparam durante confrontos em uma prisão na região central do Iêmen na terça-feira (30), segundo autoridades locais.

"Grupos de simpatizantes da Al-Qaeda (…) atacaram a prisão central na cidade de Taiz e mais de 1.200 dos prisioneiros perigosos escaparam", disse um oficial de segurança citado pela agência de notícias estatal Saba.

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Outro funcionário local disse à Reuters que alguns dos fugitivos eram "suspeito de pertencer à Al Qaeda", mas também notou que eles deixaram a prisão em meio a violentos confrontos entre as milícias beligerantes na cidade.

O incidente sinaliza a profunda erosão do Estado iemenita em meio à feroz guerra civil entre o governo no exílio e os rebeldes xiitas houthis, que tomaram o controle sobre grande parte da nação nos últimos meses, e que têm sido alvo de bombardeios aéreos liderados pela Arábia Saudita desde março deste ano. Segundo a ONU, o conflito já matou mais de 2.600 pessoas.

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Os houthis entraram em Taiz em março, em uma ofensiva para o sul realizada a partir de sua base na capital Sanaa. Os três meses de ataques aéreos sauditas ainda não conseguiram fazer o grupo recuar, e de acordo com o oficial citado, forças do exército ligadas ao ex-presidente Ali Abdullah Saleh permitiram que os prisioneiros escapassem enquanto iam avançando os rebeldes xiitas, conhecidos como "comitês populares" por seus partidários.

"Intensos combates ocorreram perto da prisão central e os comitês populares se aproximaram e tomaram o controle da área, mas as forças de Saleh abriram as portas da prisão", disse o oficial.

Em abril, outro grupo de militantes da Al-Qaeda escapou de uma prisão em Mukalla, no leste do país, depois que as forças do exército abandonaram a cidade subitamente.

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Tanto a Al-Qaeda quanto outros grupos extremistas sunitas condenam os houthis como apóstatas merecedores de morte, e os dois grupos vêm lutando entre si em diversas regiões no centro do Iêmen.

Apoiada pelos EUA, a operação militar liderada pela Arábia Saudita para supostamente restituir o poder legítimo no Iêmen é criticada por diversos analistas e organizações de direitos humanos. Um relatório recente da Human Rights Watch, por exemplo, afirma que os bombardeios aéreos no país não condizem com o direito internacional e produzem incontáveis vítimas entre a população civil. 

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A última fuga massiva dos prisioneiros no Iêmen se configura apenas como o último exemplo da política de “caos controlado” praticada pelos EUA nessa região do planeta. Apoiando intervenções ilegais em países estrangeiros, Washington se vê mais uma vez diante de um efeito colateral inesperado: enquanto prosseguem os ataques aéreos, o ambiente caótico facilita a mobilização e a cooptação de mais extremistas para as fileiras da jihad. 

Em entrevista à Sputnik Arábia, o chefe da Organização Iraniana de Defesa Civil, general Gholam Reza Jalali, chamou a atenção para o fato de, nos últimos anos, Riad ter comprado aproximadamente “a mesma quantidade de armamentos que a China inteira”. 

Segundo o oficial iraniano, isso faz a Arábia Saudita, grande aliada dos EUA no Oriente Médio, passar do status de “concorrente regional” para o de “inimigo real”. 

Para Jalali, a compra maciça de armas e equipamentos militares por parte do reino saudita representa mais uma ameaça potencial para a região, a ser combatida com o desenvolvimento de novos modelos de contra-ação.

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