Pushkov: EUA não podem fazer nada com contratos entre Rússia e países de BRICS

© Sputnik / Vladimir Fedorenko / Acessar o banco de imagensAleksei Pushkov, presidente do Comitê Internacional da Duma de Estado da Rússia
Aleksei Pushkov, presidente do Comitê Internacional da Duma de Estado da Rússia - Sputnik Brasil
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O chefe do comitê parlamentar russo para Assuntos Internacionais, Aleksei Pushkov, concedeu uma entrevista exclusiva à Sputnik Srbija. Na entrevista, Pushkov comentou a situação com projetos de gasodutos Turkish Stream (Corrente Turca) e South Stream (Corrente do Sul), bem como a posição internacional dos EUA e a situação na Ucrânia.

SPUTNIK: O gasoduto Turkish Stream é muito importante, mas existem ameaças, que pode acontecer o mesmo como foi com South Stream…

Vladimir Putin, presidente da Rússia, e Recep Tayyip Erdogan, presidente da Turquia. - Sputnik Brasil
Putin e Erdogan discutem projetos de energia e situação na Ucrânia
Aleksei Pushkov: A iniciativa de deixar South Stream não foi da Rússia, mas apesar disso é exatamente isso o que tentam propagar. Formalmente a Bulgária não deu permissão. Mas só é formalmente, porque, no meu ver, as decisões foram tomadas não em Sofia, mas em Bruxelas. Não seria nenhuma surpresa para mim se eles foram tomadas tendo em conta a posição norte-americana. Os EUA tentam fechar todos os grandes projetos internacionais da Rússia e tentam limitar os lassos internacionais com a Rússia.

É por isso que eu estou à espera da pressão aos participantes potenciais do Turkish Stream. Mas acho que aqui temos a situação um pouco diferente. Embora a Turquia é um país-membro da OTAN, ela bastante sucessivamente defende os seus interesses nacionais. Bruxelas não é uma autoridade séria para a Turquia. O poder em Ancara não declinará um projeto que pode transformar a Turquia em um Estado importante de trânsito na Europa.

S: O alvo dos EUA parece claro, eles tentam vender o seu gás à Europa, mas a questão é qual a razão para os norte-americanos de tentar isolar a Rússia?

John Kerry e Sergei Lavrov em Munique, 7 de fevereiro de 2015 - Sputnik Brasil
Lavrov: visita de Kerry prova fracasso na tentativa de isolar a Rússia
A.P.: Os EUA querem isolar a Rússia porque eles não gostam da política de Moscou. Esta é uma guerra fria em um formato novo. Os EUA não podem e não poderão tirar da Rússia os contratos lucrativos ao nível global. Eles não podem fazer nada com os contratos entre a Rússia e a China, o Brasil, a Índia, o Sudeste Asiático, com países árabes, o Egito, com a América Latina. Mas eles pensam que é possível isolar a Rússia no continente europeu. Daqui vai a pressão à União Europeia para não deixar a política de sanções. Tudo isso, é claro, é feito só por causa da Ucrânia. O conflito político com os EUA começou no momento em que ficou claro que nós não iríamos obedecer as regras do jogo norte-americanas. A Ucrânia ficou a última crise numa série de divergências. E, naturalmente, o apoio do golpe de Estado no país vizinho da Rússia, que é extremamente importante para a segurança russa e onde vivem russos, não poderia passar não notado por parte da Rússia.

A crise foi provocado pela falta de vontade dos EUA de tomar em consideração os interesses da Rússia e pela expansão da OTAN às fronteiras russas. É claro que a Rússia respondeu. E agora há muitos outros Estados, não só a Rússia, não querem fazer parte da estratégia global norte-americana. E, com certeza, também a China, o Brasil, o Irã, o Egito e muitos outros Estados grandes e importantes nas suas regiões. Por isso eu penso que a política destes é destinada ao fracasso. Ela pode custar muito à Europa, bem como à segurança internacional.

S: Quais são os instrumentos de pressão dos EUA à Europa? Parece que tudo o que a Europa faz contra a Rússia, ela faz contra si mesma também?

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e a chanceler da Alemanha, Angela Merkel - Sputnik Brasil
Obama e Merkel são unânimes na questão das sanções contra a Rússia
A.P.: Com certeza. A Europa tem um problema muito sério. A maioria dos países europeus é governada por elites pró-americanas.  Os EUA nunca deixarão a Europa, porque esta é a espinha dorsal do seu poder global. Daí os esforços escandalosos de realizar vigilância contra europeus. É de notar que a informação sobre este fato não provocou Merkel a pelo menos em parte rever as relações com os Estados Unidos. Mas na Europa isso provoca muito descontentamento. Muitos países não estão satisfeitos com a política de sanções. Empresários alemães, no geral, eu diria, estão na oposição em relação a Angela Merkel. O comércio antes da crise entre a Rússia e a Alemanha superava os 100 bilhões de dólares.

S: Mais do que tudo isso, existe um perigo sério para a Europa os EUA – a “propaganda russa”. Por exemplo, a Sputnik. Porque isso acontece?

A.P.: No meu ver, o Ocidente por muito tempo tinha o monopólio total à informação. A mídia ocidental em geral, especialmente ultimamente, partilha do ponto de vista único, pelo menos sobre a situação com Rússia e a Ucrânia. Nestas condições, eu acho que o fim do monopólio da informação da mídia pró-americana provocou uma reação muito nervosa. Embora o Ocidente declare que é tolerante e pluralista, não é assim. Ele é absolutamente intolerante em relação ao tudo o que contradiz aos seus pontos de vista.

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