EUA dizem ter informação importante sobre EI, mas não têm estratégia para combatê-lo

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As autoridades de segurança dos EUA declaram ter informação muito importante sobre a estrutura do EI enquanto Obama confessa que ainda não elaborou uma estratégia de luta contra EI e enquanto surgem cada vez mais fatos que provam que a CIA previu o aparecimento do EI.

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Segundo oficiais estadunidenses, agências de inteligência dos EUA obtiveram informações valiosas sobre a estrutura da liderança do Estado Islâmico, as suas transações financeiras e medidas de segurança através de análises dos materiais capturados durante o raid de 16 de maio, que matou um dos chefes do grupo no Leste da Síria. Se trata de Abu Sayyaf, que os EUA consideram como o principal responsável pelas ações financeiras do grupo.

Estas informações, coletadas de computadores, celulares e outros dispositivos, já ajudaram os EUA a identificar, localizar e levar a cabo outro ataque contra Abu Hamid, um outro líder importante do Estado Islâmico em 31 de maio, também no Leste da Síria. Os militares estadunidenses afirmam que o tenente Abu Hamid foi efetivamente morto no ataque, porém fontes do Estado Islâmico não confirmam isso.

Entre os 4-7 terabytes de dados do novo troféu que caiu nas mãos dos serviços secretos norte-americanos há informações que ajudam a compreender o modus operandi do líder oculto da organização, Abu Bakr al-Baghdadi, que tem conseguido esconder-se das forças da coalizão.

Al-Baghdadi recebe periodicamente líderes regionais no seu quartel-general em Raqqa, Leste da Síria. Para garantir a segurança do seu chefe, os motoristas pedem que os emires visitantes passem seus celulares e todos os dispositivos eletrônicos cujos sinais possam ser captados pela inteligência dos EUA.

“Eu só direi que daquele raid a gente soube muita coisa que antes não sabíamos”, disse um oficial de alta patente do Departamento de Estado durante uma entrevista telefônica concedida na semana passada. “A cada dia, eu tenho uma imagem mais clara do que é esta organização, o quanto sofisticada, global e estruturada é”.

As unidades antiterroristas dos EUA confessam que há ainda questões por resolver sobre a eficiência com que este lote de materiais achados pode ser usado, já que o Estado Islâmico é uma organização de natureza secreta e adaptativa.

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Cinco oficiais estadunidenses acrescentaram mais detalhes, sob condição de anonimato, sobre os materiais achados na casa de Abu Sayyaf. Abu Sayyaf, na verdade, é o apelido de guerra do militante tunisino conhecido pelos EUA como Fathi ben Awn ben Jildi Murad al-Tunisi. 

Durante as duas semanas que o raid durou, os agentes estadunidenses conseguiram usar as informações coletadas para atacar Abu Hamid nas imediações de Ash Shaddado, perto de Hasakah, no nordeste da Síria. Os oficiais o descreveram como o emir da Shariá e assuntos tribais.

Os materiais revelaram ainda novos detalhes sobre a maneira como o Estado Islâmico obtém lucro da produção de petróleo. Cerca de metade vai para o orçamento geral operacional do grupo, e o resto é dividido para suprir as necessidades de manutenção das instalações de campos de petróleo e para pagar salários aos operários, segundo os agentes estadunidenses.

Estes operários podem ser empregados do Estado Islâmico e não moradores locais forçados a trabalhar; portanto, são alvos legítimos, dizem os oficiais.

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Ao mesmo tempo, enquanto os americanos se queixam da estrutura e complexidade do Estado Islâmico, surgem mais documentos que provam que a CIA previu a criação do EI mas continuava o apoio aos grupos radicais na Síria somente para derrubar o regime do presidente sírio Bashar Assad.  

O jornalista Nafeez Ahmed, em colaboração com o projeto jornalístico de investigação Insurge Intelligence, descreve um documento secreto da Agência de Inteligência de Defesa (DIA, na sigla em inglês) dos EUA obtido pela empresa judicial conservativa Judicial Watch. Segundo Ahmed, o documento mostra que em coordenação com os países do Golfo e a Turquia, o Ocidente apoiou intencionalmente grupos islamistas violentos para desestabilizar Assad. Estas “potências apoiantes” desejaram a criação de um “príncipe salafista” na Síria para isolar o regime sírio.  

Segundo o documento, diz Ahmed, o Pentágono previa o possível aparecimento do Estado Islâmico como consequência direta desta estratégia e alertou que isto poderia desestabilizar o Iraque. Os analistas da inteligência até prognosticaram a tomada pelos islamistas das cidades iraquianas de Ramadi e Mossul. Porém o documento não contém sinais de qualquer decisão de reverter a política de apoio dos rebeldes sírios.    

A investigação do jornalista Nafeez Ahmed foi bem recebida por alguns especialistas britânicos e estadunidenses em assuntos ligados à inteligência.   

Enquanto surgem mais provas da culpa dos EUA no aparecimento do EI, o presidente americano Barack Obama confessou durante a coletiva de imprensa após a cúpula do G7 que os EUA estão criando um novo plano de luta contra o Estado Islâmico no Iraque, mas não planejam executar uma operação terrestre no país, frisando que a invasão do 2003 foi um erro. Os estadunidenses irão intensificar o treino de militares iraquianos em vez de enviar suas tropas para lá. 

“Os militares [americanos] ainda não concluíram a elaboração da estratégia. Muito irá depender da parte [da luta contra o EI] a ser assumida pelos iraquianos”, manifestou. 

Estas declarações de Obama já provocaram indignação entre alguns políticos iraquianos. Assim, Aliya Nsaiyef, uma deputada do parlamento iraquiano comentou o assunto. 

“Os Estados Unidos dizem que são o maior país no mundo, têm alta tecnologia, lideram a política unipolar no mundo… Depois eles anunciam que não têm uma estratégia para enfrentar o Estado Islâmico! O fato de que eles atacam posições falsas no Iraque mostra que não levam a sério a luta contra o EI. Podiam compartilhar a sua informação [da inteligência] para ajudar o Iraque a combater o inimigo. Esses indicadores mostram a falta de credibilidade na sua guerra contra o EI”.  

Falah al-Lami, assessor econômico da ONU no Iraque opina por sua vez que o Iraque está lutando sozinho contra o EI e que a comunidade mundial deve apoiar o Iraque financeiramente.

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