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Centrais sindicais preparam greve geral contra ajuste fiscal do Governo

© Valter Campanato/ Agência BrasilIntegrantes da CUT participam dos protestos do Dia Nacional de Luta contra o Projeto de Lei (PL) 4.330/2004, que regulamenta o sistema de terceirização no mercado de trabalho brasileiro
Integrantes da CUT participam dos protestos do Dia Nacional de Luta contra o Projeto de Lei (PL) 4.330/2004, que regulamenta o sistema de terceirização no mercado de trabalho brasileiro - Sputnik Brasil
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Centrais sindicais de todo o Brasil, lideradas pela CUT – Central Única dos Trabalhadores, convocam para esta sexta-feira, 29, o Dia Nacional de Paralisação e Manifestações, de preparação para uma greve geral em todo o país. O presidente da CUT-SP, Adir dos Santos Lima, em entrevista exclusiva à Sputnik Brasil, detalhou o movimento.

Os manifestantes lutam contra a terceirização da mão de obra, contra as Medidas Provisórias 664 e 665, que alteram benefícios trabalhistas e previdenciários como o seguro-desemprego, o auxílio-doença e aposentadorias, e protestam ainda contra o ajuste fiscal e em defesa dos direitos humanos e da democracia.

De acordo com o presidente da CUT do Estado de São Paulo, Adir dos Santos Lima, as manifestações têm o objetivo de ampliar as paralisações e atos no país, assim como ocorreu no dia 15 de abril, quando os trabalhadores foram para as ruas em luta. “A nossa intenção é intensificar cada vez mais as nossas mobilizações em função de o Congresso Nacional ter intensificado também as votações com uma pauta cada vez mais acelerada, com medidas que afetam diretamente os direitos dos trabalhadores.”

O presidente da CUT São Paulo chama a atenção, por exemplo, para a rápida votação na Câmara dos Deputados da PL 4.330, que trata da terceirização dos trabalhadores e já está no Senado como PLC 30, e que, segundo ele, retira direitos de todos os trabalhadores ao permitir a terceirização sem limites, em que os trabalhadores diretos vão ser demitidos para as empresas contratarem terceirizados em seu lugar, sem direitos, com salário menor e maior carga de trabalho. “Ainda não sabemos qual o desfecho que terá esse projeto”, diz Adir dos Santos Lima, “mas sabemos que corremos grande risco caso ele seja votado na sua essência, e que trará grande prejuízo para os trabalhadores porque, na sua concepção, destruirá as relações de trabalho no Brasil, retirando a proteção social que nós temos hoje, como a carteira de trabalho, o décimo terceiro salário, férias e fundo de garantia, ou seja, desregulamentará os direitos trabalhistas.”

Para o Governo da Presidenta Dilma Rousseff, a aprovação das medidas provisórias é fundamental para a retomada dos investimentos no país. Já, segundo Adir, a CUT não concorda com a presidente, e “está claro que essas medidas são paliativas, que só acabam por prejudicar o trabalhador”. “Não concordamos com a presidente, porque ela sabe que para resolver o ajuste fiscal não bastam medidas tão simplistas, porque o volume de recursos que ela está prevendo para resolver o ajuste fiscal não seria de apenas o montante de cerca R$ 20 bilhões. Se olharmos a sonegação fiscal e o que o governo deixou de sobretaxar dos bancos no ano passado, isso já dá em torno de R$ 800 bilhões. Então, esse ajuste fiscal é esse qu por volta de R$ 20 bilhões que ela quer tirar dos trabalhadores é de uma incoerência muito grande.”

Ainda segundo o dirigente Adir dos Santos Lima, as centrais sindicais acreditam que o ajuste econômico do Governo deveria ser feito através da reforma tributária. “Para nós, seria a reforma tributária no país. Nós temos certeza de que a reforma cobraria daqueles que têm renda e lucro, e faria justiça social e tributária. Além disso, o governo precisar criar também mecanismos de combate à corrupção.”

Sobre a manifestação desta sexta-feira (29), o presidente da CUT de São Paulo deixa claro que a mobilização tem o intuito de se converter numa greve geral de trabalhadores em todo o país, já que até agora não há nenhuma proposta de negociação oferecida pelo Governo. “Nós queremos fazer uma grande mobilização pelo país, as centrais sindicais precisam estar em constante mobilização, porque não sabemos o que virá pela frente. Toda semana o Congresso aparece com uma medida que afeta diretamente o trabalhador e a sociedade, como a redução da maioridade penal, contra a qual somos contra e não podemos deixar passar o projeto, porque degradará nossa sociedade como um todo.”

Ainda de acordo com a CUT, a mobilização começa no início da madrugada desta sexta-feira (29), incluindo a paralisação dos meios de transporte e das fábricas, bloqueios em estradas e rodovias, além de passeatas em todas as cidades brasileiras.

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