Líder da oposição ucraniana denuncia interesses por trás da megaprivatização do país

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A privatização anunciada pelas autoridades ucranianas no final de março resultará na venda da propriedade estatal a preços abaixo do valor de mercado, segundo advertiu o líder do movimento político Escolha Ucraniana, Viktor Medvedchuk, em comunicado publicado nesta segunda-feira (25).

"As autoridades estão planejando lançar uma megaprivatização no país, a qual, sob um olhar mais atento, se assemelha mais a uma liquidação final", afirma o artigo publicado no site da organização oposicionista.

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"O governo já tomou uma decisão sobre a venda de 286 propriedades e empresas. O Gabinete de Ministros está solicitando a permissão da Suprema Rada [Parlamento ucraniano] para a privatização de mais 43 empresas. Além disso, o governo está correndo bastante para se livrar de patrimônio público, ao contrário da lógica e do senso comum. O Gabinete de Ministros ordenou ao Fundo de Propriedade Estatal colocar todas essas propriedades para venda já em 2015", diz a declaração.

Ainda segundo Medvedchuk, é claro que "tal privatização em grande escala nas realidades atuais de crise irá se tornar o negócio mais significativo para a traição dos interesses nacionais da Ucrânia".

"O desejo de vender empresas estatais o mais rapidamente possível mostra que a equipe dirigente pretende passar o máximo possível de propriedades estatais para as ‘mãos certas' enquanto estiver no poder", segue afirmando o líder da oposição, acrescentando que, aparentemente, “as ‘mãos certas’ já estão preparadas para aceitar este generoso presente das autoridades ucranianas".

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De acordo com Medvedchuk, Kiev planeja privatizar todos os portos comerciais da Ucrânia, incluindo o de Odessa, que é o maior porto marítimo do país e um dos maiores portos da bacia do Mar Negro, com uma capacidade total de tráfego anual de 40 milhões de toneladas (apesar de que, para isso, ainda necessita da aprovação do Parlamento). Além disso, entre as entidades que terão seus ativos vendidos, destacam-se a Sumykhimprom, maior produtora de fertilizantes fosfatos do país, a Odessa Port Plant, uma das maiores produtoras de amônia e ureia, e a companhia Centrenergo, uma das maiores companhias geradoras de energia elétrica da Ucrânia.  A Companhia Ucraniana de Navegação do Danúbio também está na lista à espera do aval para ser privatizada, assim como várias companhias regionais transmissoras de energia elétrica, diversas minas de carvão e usinas de eletricidade.

O Governo ucraniano instruiu o Ministério de Desenvolvimento Econômico e Comércio a realizar exposições sobre as oportunidades de investimento advindas das privatizações na Ucrânia. Conferências sobre o assunto acontecerão nos EUA, em julho, e na Alemanha, em data ainda a definir. Além disso, um grande evento destinado aos investidores privados está programado para setembro, em Kiev.

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Buscando arrecadar alguns bilhões de dólares com a venda do patrimônio estatal, o Governo ucraniano pretende assim angariar recursos para cumprir com seus compromissos internacionais, assumidos com instituições como o Fundo Monetário Internacional (FMI), por exemplo, a despeito dos enormes retrocessos sociais causados pelas políticas de austeridade econômica exigidas por tais organizações. 

Medvedchuk é um crítico aberto do atual governo da Ucrânia, empossado após um golpe em fevereiro do ano passado, que por sua vez havia sido insuflado com os movimentos de protesto conhecidos como Euromaidan, os quais buscavam uma maior aproximação do país aos interesses da União Europeia (UE).

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Em 9 de janeiro de 2014, Medvedchuk já havia declarado que "a ausência da tradução do texto do Acordo de Associação [com a UE], a provisão de privilégios excessivamente assimétricos para os fabricantes europeus – tudo isso indica que a UE estava se preparando para transformar a economia ucraniana em seu apêndice de matéria-prima". Ele também já dizia que, devido à resposta de Kiev à "ingerência nos assuntos internos da Ucrânia por diplomatas da UE e dos EUA”, a capacidade do governo atual de "proteger os interesses econômicos" do país “inspira sérias dúvidas”. 

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