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"Pracinha" dentista relembra tempos do front na Itália

© Sputnik / Alex FerroBandeira da Rússia estréia na comemoração do Dia da Vitória no Rio de Janeiro
Bandeira da Rússia estréia na comemoração do Dia da Vitória no Rio de Janeiro - Sputnik Brasil
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O dentista Israel Rosenthal, de 94 anos, é mais um dos brasileiros que contribuíram para a derrota do nazismo na Europa durante a Segunda Guerra Mundial. Em entrevista à Sputnik nesta sexta-feira, o veterano contou sobre sua motivação para se alistar e sobre sua participação efetiva no maior conflito de todos os tempos.

Nascido no Rio de Janeiro, no bairro de Vila Isabel, em 7 de fevereiro de 1921, Israel, que é judeu, disse que a consciência das perseguições que o seu povo estava sofrendo na Europa não foi um fator determinante para combater os nazistas naquele continente, até porque, naquela época, as informações sobre esse assunto eram extremamente limitadas. Segundo ele, quando surgiu a oportunidade de embarcar, junto com seus colegas aspirantes a oficiais, todos do seu grupo tomaram a decisão de se alistar e seguir para a Itália. Dos 125 ou 130 que se apresentaram, 92 acabaram sendo chamados. E Israel era um deles. 

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Logo após a chegada à Itália, o recém-formado dentista foi designado para fazer um curso para pilotar caminhões. Mas, ao ser reprovado no exame de vista, teve que cumprir outros tipos de serviços até receber a convocação para exercer sua profissão junto ao serviço de saúde. 

Inicialmente, entre os cinco mil homens acampados, havia apenas dois dentistas, de acordo com Israel. Depois foram chamados mais quatro. Mas as condições das instalações eram precárias. 

 “Eram dez horas por dia de trabalho, ininterruptas. Lá trabalhava-se muito, não tinha enfermeira no meu acampamento. Eram quatro batalhões, os acampamentos eram todos em barracas e o gabinete dentário era uma cadeira metálica, dentro de uma barraca.  E o motor era pedal, daquele bem antigo, porque não tinha luz elétrica”, lembrou Rosenthal, destacando as dores que sentia na coluna ao final de um dia de consultas e pedaladas. 

Nos seis meses e meio que passou na Itália, o hoje veterano brasileiro diz ter ouvido poucas histórias do front, já que a maior parte dos soldados raramente deixava o acampamento. Quando saíam, normalmente não voltavam. “Só quando a guerra terminou que eu tive contato outra vez com eles”, assinalou. 

Segundo o pracinha, um dos momentos de maior sensação no seu acampamento foi quando do encontro com a espiã Margarida Richman, responsável pelas transmissões de rádio em língua portuguesa, nas quais incitava os combatentes brasileiros a se renderem. 

“A única mulher que eu vi lá no acampamento foi ela. Porque ela foi presa e levada para o acampamento. Ficou numa barraca e depois voltou. Veio para o Brasil presa”, destacou. 

Quando retornou ao Brasil, no final da guerra, Israel decidiu se desligar do exército e se dedicar apenas à sua carreira como dentista, que durou até seus 69 anos, quando se aposentou. Hoje, ele diz não ter condições de voltar a trabalhar, por falta de preparo físico. "Mas a cuca ainda está boa", garante. 

 

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