Obama é acusado de inflamar tensões raciais nos EUA

© AP Photo / Saul LOEBPresidente dos Estados Unidos, Barack Obama
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O senador norte-americano Ted Cruz, candidato republicano à presidência dos EUA, culpou o atual mandatário da Casa Branca, Barack Obama, pelas crescentes tensões raciais que ditam o tom dos protestos que tomaram as ruas do país desde a morte do jovem negro Freddie Gray, em Baltimore.

"O presidente Obama, quando foi eleito, poderia ter sido um líder unificador", lamentou Cruz em uma sessão de perguntas e respostas organizada pela Câmara de Comércio Hispânica dos EUA na quarta-feira (29). Em vez disso, segundo o candidato republicano, Obama "tomou decisões que eu acho que inflamaram as tensões raciais, que nos dividiram em vez de nos unir".

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Para provar seu argumento, o senador destacou certos comentários do vice-presidente Joe Biden durante a campanha de 2012, nos quais o vice de Obama afirmou, diante de uma plateia lotada de afrodescendentes, que os republicanos os colocariam "de volta nas correntes". Biden fazia referência à intenção do partido rival de não apoiar a regulamentação do mercado financeiro, e na época, Obama saiu em defesa dos comentários de seu vice, os quais foram amplamente criticados pelo racismo implícito.  

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Cruz também citou um episódio de 2009 que ficou conhecido como "cúpula da cerveja", em que Obama tentou apaziguar os ânimos de uma nação enfurecida convidando um professor negro de Harvard para tomar uma cerveja nos jardins da Casa Branca com um sargento branco que havia prendido o professor em sua própria casa por “conduta desordeira”. O caso havia reacendido os debates nacionais a respeito da discriminação racial da polícia norte-americana, mas Obama quis resolver tudo como um caso particular de desentendimento pessoal.

O primeiro chefe de Estado negro da História dos EUA "não usou seu papel como presidente para nos unir", disse Cruz à Câmara de Comércio Hispânica. "Ele exacerbou os desentendimentos raciais".

As observações do candidato vêm em outro momento delicado vivido pelo país, em meio aos protestos em massa que explodiram em Baltimore e se espalharam para outras cidades norte-americanas depois da morte de Freddie Gray, um jovem negro desarmado que morreu devido a uma misteriosa lesão na coluna vertebral enquanto estava sob a custódia da polícia de Baltimore. 

As agitações começaram na segunda-feira (27), depois do funeral de Gray. Os manifestantes pediam a liberação de uma gravação de vídeo da polícia que pudesse esclarecer os eventos que levaram à morte do jovem negro.

Pelo menos 20 policiais ficaram feridos nos confrontos com a população. De acordo com o Departamento de Polícia de Baltimore, 144 carros e 15 edifícios foram danificados, e cerca de 200 pessoas foram detidas naquela primeira noite de protestos, segundo a mídia local.

Na terça-feira (28), as autoridades de Baltimore emitiram um toque de recolher de uma semana, mas as pessoas continuaram a se reunir nas ruas, resultando em ainda mais prisões e revolta social.

Desde então, muitas outras cidades dos EUA se uniram às vozes de Baltimore em manifestações de solidariedade contra a brutalidade policial. Centenas foram às ruas da capital, Washington, conforme registrado por dezenas de manifestantes nas redes sociais. Ontem à noite (29), os manifestantes bloquearam cruzamentos no centro da capital.

Um protesto pacífico começou no centro de Denver, também na quarta-feira à noite, resultando em pelo menos 11 pessoas detidas, de acordo com o Departamento de Polícia da cidade, que alegou ter tido um de seus agentes agredido pelos civis.

Em Nova York, pelo menos 100 pessoas foram presas depois que uma multidão de cerca de mil manifestantes se reuniu no centro de Manhattan, de acordo com o canal WABC-TV. Pelo menos dois policiais foram feridos, segundo relatos da mídia local. 

Mais de 500 pessoas também tomaram as ruas de Boston, segundo informou o Boston Globe na quarta-feira. Os protestos foram em grande parte pacíficos, e polícia afirma que nenhuma prisão foi realizada.

Enquanto isso, através das redes sociais, os manifestantes de todo o país continuam convocando as multidões para demonstrar solidariedade a Baltimore. Mais protestos estão previstos para amanhã, 1º de maio.

Esta é a mais recente onda de protestos contra a brutalidade e a discriminação racial generalizada por parte da polícia nos EUA. O tema ressurgiu no foco das atenções nacionais desde que o adolescente negro Michael Brown, também desarmado, foi morto a tiros por um policial branco em agosto de 2014 na cidade de Ferguson, provocando revoltas e manifestações em todo o país. 

Segundo o portal Defense One, alguns departamentos de polícia norte-americanos começaram a estocar uma nova arma altamente controversa para controlar os distúrbios civis. Trata-se do "Skunk", uma espécie de líquido extremamente mau cheiroso. Tecnicamente, a substância não é tóxica, mas é incrivelmente nojenta, e tem sido descrita como um cruzamento entre "animais mortos e excrementos humanos". Se não for tratado, o cheiro persiste por semanas.

As Forças de Defesa israelenses desenvolveram o Skunk em 2008 como uma arma de controle de multidões para uso contra os palestinos. Agora, uma empresa de Maryland chamada Mistral está fornecendo a arma química aos departamentos de polícia nos EUA, incluindo o de Ferguson, segundo informou o Defense One.

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