O presidente dos EUA, Barack Obama, se reuniu com o premiê do Japão, Shinzo Abe, na terça-feira, 28 de abril, e após a reunião, ambos os políticos fizeram declarações à imprensa sobre a cooperação na região da Ásia-Pacífico.
Ao mesmo tempo, Obama não perdeu a chance de criticar a política externa da China, especialmente a abordagem das questões marítimas e as disputas territoriais em que Pequim está envolvida:
As disputas territoriais são as das ilhas Senkaku — ou Diaoyu — que foram durante muito tempo objeto de disputa entre China e Japão. Tóquio alega que ocupa as ilhas desde 1895, enquanto Pequim argumenta que as ilhas foram reconhecidas como chinesas em 1783.
Comentando as tensões nas relações entre os EUA e a China, Obama sublinhou que a aliança com o Japão não deve ser interpretada como motivo para tensões ou como provocação:
“Vamos continuar a trabalhar com todos os países da região, começando com os nossos aliados nos tratados, para garantir que as normas internacionais básicas continuem a ser observadas. Não, nós não pensamos que a forte aliança EUA-Japão deva ser vista como uma provocação.”
Na mesma reunião, Obama e Abe assinaram um acordo comercial.
A China está conquistando cada vez mais espaço econômico na região, primeiro, com assinatura de acordos de parceria (por exemplo, com a Coreia do Sul, há uns meses), e depois, com a criação do Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura (AIIB, na sigla em inglês). O AIIB já tem pedidos de adesão até de países considerados como aliados dos EUA.
O crescente poderio regional da China leva os EUA a cooperar com o Japão para enfraquecê-la. No entanto, o Japão se dá conta da importância da China, sua vizinha, e não quer estragar as relações com esse país por completo.
Mas tanto a Rússia, como a China, estão entre os países que os EUA gostariam de ver com menos poder. E isso é uma contradição importante.
O especialista russo Aleksandr Panov, ex-embaixador no Japão e alto funcionário do Instituto dos EUA e Canadá, comentou a situação à Sputnik:
“A aspiração de Abe de fortalecer a cooperação com os EUA é explicada por uma razão simples e óbvia – o medo da China. Os norte-americanos declaram que apoiam a posição do Japão sobre as ilhas Senkaku. Mas os japoneses sabem que os EUA, tendo em conta o caráter das suas relações com a China, não irão agravar as relações com Pequim por causa das ilhas. Os EUA já deram a entender que se opõem à disputa territorial e que não querem ser envolvidos nela.”
Segundo Panov, o Japão tenta mostrar a sua lealdade aos EUA e fortalecer a união militar entre os dois países até um ponto em que os EUA já não tenham outra solução senão apoiar o lado japonês, caso algo aconteça:
“Portanto, o Japão mostra que segue fielmente as instruções dos EUA. Por exemplo, a instrução de não ir a Moscou. Talvez o Japão tenha o desejo de cooperar com a Rússia mas, uma vez que é aliado dos Estados Unidos, não pode ir a Moscou a 9 de maio.
Além disso, o Japão, juntamente com os Estados Unidos recusou a se juntar ao banco AIIB criado pela China, embora praticamente todos os outros aliados dos EUA tenham aderido. Impõe-se uma conclusão: o Japão, mesmo à custa dos seus interesses nacionais, continua apoiando os Estados Unidos.”