Metamorfoses do presidente turco Recep Erdogan

© Sputnik / Sergey Guneev / Acessar o banco de imagensVladimir Putin, presidente da Rússia, e Recep Tayyip Erdogan, presidente da Turquia.
Vladimir Putin, presidente da Rússia, e Recep Tayyip Erdogan, presidente da Turquia. - Sputnik Brasil
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O presidente turco Recep Tayyip Erdogan criticou duramente o seu homólogo russo pela participação de Vladimir Putin na cerimônia de comemoração do 100º aniversário do genocídio armênio em Yerevan.

Comentando as declarações de Vladimir Putin, que caracterizou os acontecimentos de 1915 no Império Otomano como “genocídio”, Erdogan, respondendo à pergunta sobre a possível retirada do embaixador turco de Moscou, disse que “não é a primeira vez que a Rússia utiliza esse termo. Com certeza eu pessoalmente estou desolado e ofendido com este passo de Putin. Também disse a ele pessoalmente. É obvio o que acontece na Ucrânia. A Crimeia, Lugansk, Donetsk – tudo isso é óbvio, eles que respondam por isso. A Turquia nunca cometeu um genocídio”.     

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Porém, no dia 1 de dezembro de 2014, durante a coletiva de imprensa com Putin, Erdogan manifestou que “nós chegamos a acordo com a Rússia sobre a Crimeia e Donbass”. O presidente turco frisou que chegou a consenso com o homólogo russo sobre os direitos dos  tártaros da Crimeia (minoria que tem fortes laços com a Turquia). 

“Podemos dizer tranquilamente aqui que concordamos com o senhor Putin que todos têm de respeitar os Acordos de Minsk, estes oferecem uma concepção importante para a solução da crise ucraniana com base no direito internacional e para a criação de uma paz sólida. Vemos esforços na busca de soluções de questões regionais e internacionais. Relações baseadas na confiança mútua entre a Rússia e a Turquia e a cooperação em desenvolvimento contribuirão para o fortalecimento de paz e estabilidade na região”, sublinhou o líder turco. 

A Sputnik Türkiye conseguiu falar com Togrul Ismayil, cientista político turco e professor de Relações Internacionais na Universidade de Economia e Tecnologias em Ancara, que em primeiro lugar frisou a importância para a Turquia de ter boas relações com a Rússia:

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"A Turquia tenta manter relações amigáveis com a Rússia. Apesar de o nosso presidente se manifestar em favor da integridade territorial da Ucrânia, a Turquia não aderiu às sanções antirrussas do Ocidente. A Turquia sempre tem apoiado a Rússia, o que provocou várias vezes descontentamento por parte da UE e dos EUA”.  

O especialista tentou ainda explicar a reação tão negativa do presidente turco:

“Putin, apesar de Erdogan lhe ter ligado pessoalmente e dito que a sua presença nas comemorações em Yerevan seria indesejável, participou dos eventos. Foi exatamente por esta razão que as declarações de Putin sobre o genocídio e a sua presença em Yerevan foram recebidas de maneira tão negativa.    

Porém, em geral opina-se que o pragmatismo nas relações russo-turcas irá vencer, e que a Turquia continuará a desenvolver projetos conjuntos com a Rússia, como, por exemplo, o acordo de livre comércio e o gasoduto Corrente Turca. 

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“Não obstante haver uma determinada tensão nas relações entre os dois países, surgida depois da intervenção de Vladimir Putin em Yerevan, o diálogo bilateral será prosseguido. Infelizmente, a questão dos acontecimentos de 1915 tornou-se motivo de especulações e deturpações por parte de uma série de países. O fato de a Rússia se ter juntado a este grupo de países, naturalmente, desgostou-nos. No entanto, nosso diálogo com a Rússia será prosseguido, visto que se trata, em primeiro lugar, de uma cooperação de investimento de grandes proporções. A Rússia é um de nossos maiores e mais importantes parceiros estratégicos. Estou certo de que continuaremos a desenvolver o comércio, a colaboração nos investimentos com todos os nossos parceiros. Desejamos a paz, a tranquilidade e a prosperidade na região”, disse o ministro das Finanças da Turquia Mehmet Simsek numa entrevista exclusiva à Sputnik. 

Em 24 de abril, a Armênia realizou uma série de eventos dedicados ao 100º aniversário do Genocídio Armênio no Império Otomano, no qual mais de 1,5 milhão de pessoas foram mortas. Os armênios reconhecem o dia 24 abril de 1915 como o início dos assassinatos em massa, os quais há muito tempo são considerados por eles como genocídio. 

No entanto, os turcos se recusam a aceitar tal responsabilidade e insistem em afirmar que o número de mortos foi inflado e que os armênios foram mortos simplesmente durante os combates da Primeira Guerra Mundial.

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