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Empresa admite propinas inferiores a € 1 bilhão a funcionários brasileiros na Copa 2014

© Governo da Bahia / Carla OrnelasCentro Integrado de Comando e Controle Regional da Bahia da Copa do Mundo de 2014.
Centro Integrado de Comando e Controle Regional da Bahia da Copa do Mundo de 2014. - Sputnik Brasil
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A propina paga a funcionários públicos brasileiros para obter contratos para a Copa do Mundo por uma empresa alemã foi de "menos de € 1 milhão". A declaração é da pela própria empresa envolvida, a Bilfinger, que anunciou na quarta-feira (25) que está colaborado com a Justiça brasileira no caso e confirma a existência dos pagamentos suspeitos.

No curso de investigações internas sobre possíveis violações, a Bilfinger tem revisto as atividades das companhias do grupo no Brasil por vários meses, indicou um comunicado da empresa. "Depois de revisar todas as transações dos últimos anos, informações indicam que o potencial pagamento inadequado exista no valor inferior a € 1 milhão no total", declarou. A companhia também confirma que está fornecendo informações a Controladoria-Geral da União e está disposta a colaborar com novas investigações no Brasil.

A suspeita é de que funcionários públicos brasileiros de um órgão do governo e de estatais teriam cobrado propina para dar a uma empresa alemã contratos para a Copa do Mundo de 2014. Essa foi a denúncia interna que a companhia de engenharia Bilfinger recebeu e que obrigou a direção a abrir investigações no ano passado. A revelação foi publicada pelo jornal Bild, da Alemanha, e confirmada pela empresa. A FIFA jogou a responsabilidade para o Brasil, alegando que esses contratos não passaram por ela.

No total, a companhia fechou em 2014 contratos com o governo brasileiro avaliados em R$ 21,2 milhões. Além da Copa do Mundo, a empresa presta serviços no Brasil para a Petrobras, para a Agência Nacional do Petróleo, para o Senado Federal e para a Anatel.

Apenas para o fornecimento de 1,5 mil monitores e software para o Centro Integrado de Comando e Controle da Copa do Mundo, foram R$ 13 milhões em contratos. O sistema era considerado como um dos principais legados do Mundial e permitia a centralização da operação de segurança.

À reportagem, o porta-voz da empresa na Alemanha, Sacha Bamberger, revelou que foi uma "denúncia interna" que resultou em uma investigação. "Começamos esse processo em 2014", indicou. Segundo o Bild, porém, as propinas chegaram a € 20 milhões (R$ 64,3 milhões) durante a preparação da Copa. 

A empresa confirma que uma avaliação inicial mostrou que, de fato, empregados estão sob suspeitas de terem pagos propinas no Brasil para ficar com os contratos. Mas sugere que os valores seriam menores e apenas incluiriam um contrato de 6 milhões (R$ 19,3 milhões).

"A Bilfinger recebeu informações internas no ano passado indicando que pode ter havido violações nos regulamentos de ética do grupo a respeito do fornecimento de monitores para os centros de segurança em grandes municípios brasileiros", disse a empresa por meio de uma nota oficial. "A empresa, imediatamente, abriu uma completa investigação sobre o caso. A denúncia está ligada à suspeita de pagamento de propinas por parte de funcionários da Bilfinger no Brasil a funcionários públicos e funcionários de empresas estatais", alertou.

Na avaliação inicial da empresa alemã, não restam dúvidas de que existem provas de que de fato "substanciam" as acusações e suspeitas que foram levantadas. A questão, segundo ela, é saber quem o recebeu e quando. Por enquanto, a Justiça alemã afirma que está apenas "acompanhando o caso". Mas a própria companhia admite que, dependendo do resultado da investigação, a empresa lançará um processo contra os envolvidos. Se a revelação apontar para funcionários brasileiros, o caso virá para o Brasil.

Segundo o Bild, parte da propina ainda foi para funcionários da FIFA. Mas a entidade insistiu que a questão da segurança não era sua responsabilidade e que tal medida era de competência do Comitê Organizador da Copa, ao lado do governo brasileiro. Contatada pela reportagem, a assessoria de imprensa da entidade mundial indicou que o caso se refere "a projetos do governo local". "Nem a FIFA nem seus empregados estiveram envolvidos em dar contratos de cidades-sedes ou do governo federal", declarou.

Para a entidade, esses são serviços que "claramente cabem às autoridades locais". "Isso não pertence às áreas de responsabilidade da FIFA", insistiu.

 

Estadão Conteúdo

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