Cisjordânia vive crise financeira e culpa Israel por falta de repasse de impostos

© Sputnik / Aleksei Nikolsky / Acessar o banco de imagensBenjamin Netanyahu
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Hospitais registram falta de medicamentos, os salários de funcionários públicos foram reduzidos e alguns professores não têm dinheiro para ir ao trabalho. A situação é relatada por oficiais da Cisjordânia, e a Autoridade Palestina culpa Israel pelo não repasse de recursos.

Pelo terceiro mês consecutivo, Israel se recusou a pagar mais de US$ 125 milhões em receitas tributárias que coleta em nome da Autoridade Palestina (AP), a administração sediada em Ramallah que governa a Cisjordânia.

Autoridades israelenses dizem que o corte é uma resposta à decisão da AP, tomada em janeiro, de se tornar integrante do Tribunal Criminal Internacional, o que abre caminho para que os palestinos deem início a acusações por crimes de guerra contra Israel por causa dos assentamentos judaicos na Cisjordânia e por suas operações militares na Faixa de Gaza.

Autoridades palestinas dizem que a retenção de até 70% da receita mensal palestina pode, em breve, impedi-las de administrar e policiar a Cisjordânia e seus 2,7 milhões de habitantes.

Na semana passada, a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), uma coalizão de facções que representa interesses palestinos internacionalmente, pediu à AP que pare de cooperar com Israel no policiamento da Cisjordânia, medida que parece ter como objetivo pressionar Israel a liberar o dinheiro. A AP ainda não tomou tal medida.

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O secretário de Estado americano, John Kerry, advertiu no mês passado que pressionar financeiramente a AP pode forçar a dispersão da administração, medida que pela lei internacional obrigaria Israel a governar o território.

Autoridades palestinas dizem que este é um cenário plausível. Segundo elas, a AP fez empréstimos no total de US$ 100 milhões em bancos locais e 30% de seu orçamento é coberto mensalmente por doações internacionais. Os pedidos de mais recursos para os doadores árabes ainda não deram resultado, aprofundando ainda mais a situação financeira local.

"Se não conseguirmos o dinheiro local, não seguiremos nem mesmo por mais um mês. Podemos entrar em colapso", disse Luay Hanash, diretor-geral da unidade aduaneira, que recebe os impostos coletados por Israel. "Não estamos pedindo doações", afirmou. "Este dinheiro pertence à Autoridade Palestina."

A operação de coleta de impostos, que acontece desde os acordos de Oslo, assinados em meados da década de 1990, deveria ser uma medida temporária, um dos vários acordos que devem vigorar até o estabelecimento do Estado palestino na Cisjordânia e em Gaza.

Em três anos, é a segunda fez que Israel deixa de repassar os impostos para os palestinos como forma de retaliação pelas medidas adotadas pela AP para conseguir o reconhecimento internacional do Estado palestino. No ano passado, a AP intensificou essas medidas ao se tornar integrante da Unesco e ao buscar o reconhecimento de parlamentos europeus. As iniciativas irritaram Israel, que afirma que o Estado palestino deve ser alcançado apenas com novas negociações.

Uma autoridade israelense disse que o governo não tomou qualquer decisão a respeito da libertação dos impostos e afirmou que nada deve mudar antes das eleições israelenses, marcadas para 17 de março.

Em vez de entregar o dinheiro, Israel anunciou que vai usar cerca de US$ 75 milhões da quantia não repassada para pagar metade dos US$ 150 milhões que a AP deve à estatal israelense de energia pelo fornecimento de energia elétrica à Cisjordânia.

Até agora, a AP reduziu os salários de seus 170 mil funcionários públicos em até 40%. A polícia recebe cerca de metade da cota de combustível para veículos oficiais, o que pode ser reduzido para zero no próximo mês.

Alguns hospitais da Cisjordânia estão sem medicamentos e têm sido obrigados a limitar tratamentos de hemodiálise. Muitas farmácias hospitalares já estão sem medicamentos para o tratamento de esclerose múltipla e epilepsia.

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