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Contando os mortos: por que COVID-19 segue devastando Brasil e EUA?

© AP Photo / Manuel Balce CenetaO presidente do Brasil, Jair Bolsonaro (à esquerda), e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (à direita), deixam uma coletiva de imprensa na Casa Branca em 19 de março de 2019.
O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro (à esquerda), e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (à direita), deixam uma coletiva de imprensa na Casa Branca em 19 de março de 2019. - Sputnik Brasil
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Após vários meses da crise mais emblemática do século XXI, Brasil e Estados Unidos seguem apresentando índices alarmantes de mortos e contaminados pelo novo coronavírus.

Mais de 17 milhões de pessoas já foram infectadas desde o início da pandemia do novo coronavírus. Em todo o mundo, foram registradas oficialmente cerca de 670 mil mortes em decorrência da COVID-19. 

​De acordo com o Centro de Recursos de Coronavírus da Universidade Johns Hopkins, os Estados Unidos já registraram 4.461.585 casos e 151.570 mortes provocadas pela doença. Logo atrás no ranking, aparece o Brasil, com pelo menos 2.552.265 de infectados e 90.134 mortes, segundo a mesma instituição.

Em terceiro lugar na lista, a Índia registra, aproximadamente, um milhão de casos a menos do que o Brasil, mesmo com uma população várias vezes maior do que a brasileira e a norte-americana. 

​Desde o início da crise, os governos de Brasil e EUA geraram polêmicas por suas posições mais ou menos negacionistas em relação ao surto do novo coronavírus, com seus líderes, Donald Trump e Jair Bolsonaro, sendo altamente criticados por suas declarações e tentativas de sabotar o isolamento social defendido pelas principais autoridades sanitárias do planeta. Mas, talvez, isso não seja suficiente para explicar a incidência maior do vírus nesses dois países, como argumenta o médico Sylvio Provenzano, ex-presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) e diretor do Serviço de Clínica Médica do Hospital dos Servidores do Estado. 

"Nós temos situações muito parecidas em alguns aspectos culturais, os americanos e nós, sul-americanos, por mais diferenças do ponto de vista econômico-financeiro que haja entre os dois países. Grandes populações, né? A população americana um pouco maior do que a brasileira, em países com dimensões continentais", afirma.

Segundo o especialista, tanto norte-americanos quanto brasileiros têm o hábito de promover grandes aglomerações, uma prática que possibilita a transmissão de um vírus que se propaga com grande facilidade. Além disso, pelo menos no Brasil, de acordo com ele, a lavagem de mãos, que, junto com o isolamento, seria uma das formas mais eficazes de evitar o coronavírus, também é feita com frequência menor do que a desejada.

"Eu acredito que o norte-americano também deva ter o mesmo tipo de situação. Principalmente com o grande número de pessoas juntas em um espaço relativamente pequeno. Sabe-se que há dificuldades na transmissão do vírus em ambientes abertos e onde haja distanciamento das pessoas. E nem o norte-americano nem o brasileiro consegue manter por muito tempo esse distanciamento. A gente tem uma tendência a ficar todo mundo junto e misturado."

Para Provenzano, essa tendência à aglomeração observada no Brasil e nos EUA contrasta com o que pode ser observado no Oriente, onde, habitualmente, as pessoas seriam mais disciplinadas em relação a certas determinações.

"Quando se diz para ficar afastado, eles ficam afastados. Eles guardam essa distância, seja nos centros de transporte, metrôs, seja na própria rua, nas entradas das lojas. Você não precisa ficar controlando. O povo oriental, ele tem uma disciplina muito maior do que o povo ocidental." 

Já na Europa, o especialista considera que as variações vistas se deveram principalmente às diferenças nas capacidades médicas de cada localidade.

"Qualquer crítica que se faça é muito fácil de fazer. Nós estamos diante de uma situação que é inusitada. A última pandemia que o mundo viveu e sobreviveu foi a da gripe espanhola, e lá se vão mais de 100 anos. Nós estamos diante de uma condição que, para as autoridades sanitárias, de momento, é totalmente nova", frisa.

Mesmo considerando que "qualquer coisa que se faça pode estar certa ou pode estar errada" quando o cenário é tão insólito, o ex-presidente do Cremerj defende que há providências que o Brasil poderia ter tomado mais cedo. Uma delas seria o fechamento mais rápido de suas fronteiras, por exemplo, o que, segundo ele, teria ajudado a controlar a propagação do novo coronavírus no país.

"Agora elas estão fechadas. E o vírus está circulando no nosso meio. Nós temos a infecção presente com o vírus circulando nas grandes cidades e já no interior. As pessoas têm que entender que, neste momento, ainda é importante manter um distanciamento."  

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