Facebook teria pago para transcrever mensagens de voz de seus usuários

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A maior rede social do mundo tem pago a trabalhadores externos para transcrever áudios pertencentes a seus usuários, segundo informaram fontes familiarizadas com o assunto.

A empresa não informou as pessoas encarregadas da transcrição onde o áudio foi gravado ou como foi obtido, apenas pediu para transcrevê-lo. Os trabalhadores preferiram permanecer anônimos, por medo de perder seus empregos.

O trabalho era ouvir as conversas dos usuários do Facebook, às vezes de conteúdo vulgar. Segundo disseram fontes anônimas à Bloomberg, as pessoas encarregadas deste trabalho não entendiam por que o Facebook precisava transcrever tais conversas.

Os contratantes deveriam verificar se a inteligência artificial do Facebook interpretava corretamente as mensagens, que eram anônimas.

Questão de privacidade

Entretanto, a empresa confirmou que estava transcrevendo os áudios dos usuários, mas disse que tomou a decisão de parar de fazê-lo, após o escrutínio de outras empresas.

"Tal como a Apple e o Google, paramos a análise humana de áudio há mais de uma semana", declarou a empresa em 13 de agosto. Além disso, o Facebook explicou que os usuários afetados escolheram a opção no aplicativo Facebook Messenger que permite transcrever seus chats de voz.

Grandes empresas de tecnologia, como a Amazon e a Apple, têm sido criticadas por coletar fragmentos de áudio de dispositivos e submeter esses áudios a verificação humana, uma prática que pode ser considerada como uma violação de privacidade.

A gigante das mídias sociais negou por muito tempo coletar áudios dos usuários para enviar anúncios ou determinar o que as pessoas veem nas suas novidades. Mesmo Mark Zuckerberg negou essa prática em seu depoimento perante o Congresso no caso da Cambridge Analytica.

'Usuários deram a permissão'

Nas respostas ao Congresso, a empresa disse que "acessa apenas o microfone dos usuários caso este tenha dado permissão para o aplicativo e caso esteja usando ativamente uma função específica que requer áudio (como funções de mensagem de voz)".

O Facebook não informou os usuários que terceiros podem verificar seus áudios. Isso levou alguns trabalhadores externos a considerar que seu trabalho é antiético, segundo algumas destas pessoas, citadas pela Bloomberg.

Na lista de "terceiros com os quais compartilhamos informações", o Facebook não menciona uma equipe de transcrição, mas se refere vagamente a "provedores e prestadores de serviços que apoiam nossos negócios" ao "analisar como nossos produtos são usados".

A política de uso de dados do Facebook, revisada no ano passado para torná-la mais compreensível para o público, não menciona áudios. No entanto, ele diz que coletará "conteúdo, comunicações e outras informações que você fornece" quando os usuários "enviam mensagens ou se comunicam com outras pessoas".

Caso com precedentes

A empresa está atualmente se recuperando após o escândalo da Cambridge Analytica de 2018, envolvendo uma empresa de consultoria política que usou os dados pessoais de milhões de usuários do Facebook sem seu consentimento.

Em abril, o Facebook informou em comunicado que havia sido multado em US$ 5 bilhões como resultado da investigação da Comissão Federal de Comércio dos EUA (FTC na sigla em inglês) sobre a falha da empresa em proteger os dados de dezenas de milhões de usuários de serem acessados pela Cambridge Analytica.

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