Sanções contra Rosneft são pretexto para beneficiar empresas dos EUA, defendem analistas

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Sanções dos EUA contra a Rosneft e a Venezuela servem unicamente para proteger as empresas americanas, mas é pouco provável que consigam derrubar Maduro, afirmam analistas.

No início desta semana, o Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC, na sigla em inglês) do Tesouro dos Estados Unidos impôs sanções à Rosneft Trading, unidade comercial da empresa petrolífera estatal russa Rosneft, alegando que esta tem ajudado a Venezuela a evitar o embargo à exportação de petróleo imposto ao país caribenho.

Erro de cálculo

Washington intensificou as sanções à Venezuela depois que Juan Guaidó, figura da oposição apoiada pelos EUA, se autoproclamou presidente interino.

Maduro acusa Guaidó e a administração Trump de tentar derrubar o governo venezuelano com o intuito de se apoderarem dos recursos naturais do país.

Diego Sequera, analista do portal venezuelano de investigações Misión Verdad, de Caracas, considera que o verdadeiro objetivo das sanções dos EUA contra a Rosneft é aumentar a pressão sobre a economia venezuelana para desestabilizar e derrubar Maduro.

"As sete ordens executivas e sanções emitidas pela OFAC mostram claramente que as medidas punitivas unilaterais contra a principal fonte de renda da Venezuela visam diretamente a mudança de governo", garantiu Sequera.

Contudo, Sequera relembra que as anteriores sanções punitivas contra a Venezuela falharam e, ao invés de enfraquecer o presidente, consolidaram seu apoio popular.

Podemos estar assim perante mais um "erro de cálculo, arrogância e estupidez" da administração Trump, continuou o analista.

Sequera atribui igualmente às sanções o objetivo de ajudar as empresas americanas, a braços com o estado de incerteza em que se encontra a economia norte-americana, recordando também que a petrolífera Chevron ficara de fora de anteriores sanções à Venezuela.

"A narrativa de direitos humanos e democracia da administração Trump camufla na verdade o seu pragmatismo financeiro e cinismo". Segundo ele, sancionar a Rosneft, com a Repsol espanhola também sob ameaça, favorecendo as empresas norte-americanas, mostra claramente que Washington está a tentar derrubar a concorrência.

Mais sanções

Um estudo em coautoria do renomado economista norte-americano Jeffrey Sachs divulgado no ano passado concluiu que, desde 2017, 40.000 pessoas morreram na Venezuela como resultado das sanções dos EUA.

Também o historiador e analista político escocês Alan Macleod é de opinião que as novas sanções fazem parte de mais uma tentativa de atacar o governo da Venezuela.

"O objetivo das sanções dos EUA é punir o governo da Venezuela por sua contínua desobediência a Washington", disse ele.

"Enquanto a administração Trump afirmava que estava tentando ajudar o povo venezuelano, as Nações Unidas condenaram as sanções, dizendo que elas afetam desproporcionalmente os pobres e mais vulneráveis", apontou Mcleod.

"Se os Estados Unidos realmente quisessem reduzir o sofrimento nos países em desenvolvimento, levantariam as sanções contra seus adversários e deixariam de apoiar as violações dos direitos humanos de seus aliados como Arábia Saudita, Bahrein e Israel", disse ele.

McLeod também reconheceu que novas sanções terão um impacto adicional negativo, aumentando a carga de sofrimento sobre o povo da Venezuela.

"No entanto, a população do país provavelmente encontraria formas de sobreviver e contornar as novas medidas, tal como fez nas anteriores", concluiu Macleod.

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