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Especialista: combater fogo na Amazônia não basta, sem combater desmatamento

© Folhapress / André Cran Vista aérea de queimada na Floresta Amazônia, vista a partir da cidade de Porto Velho, capital de Rondônia.
 Vista aérea de queimada na Floresta Amazônia, vista a partir da cidade de Porto Velho, capital de Rondônia.  - Sputnik Brasil
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Especialista alerta para aumento de desmatamento e acredita que as autoridades demoraram para entrar em ação para combater o fogo na Amazônia, mas espera que o governo tenha aprendido a lição.

O INPE – Instituto Brasileiro de Pesquisas Espaciais divulgou na terça-feira números que comprovam que, entre agosto de 2018 e julho de 2019, o desmatamento da Amazônia realmente cresceu, chegando a atingir quase 10 mil km2 de floresta derrubada e representando um aumento de 39,5% em relação ao mesmo período anterior.

Segundo Ane Alencar, diretora de Ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), o Governo Federal demorou muito para agir contra o fogo na região e os novos dados já eram esperados "por conta do que aconteceu em agosto, quando uma área muito grande foi queimada pelo fogo".

Entre as causas principais, segundo a especialista, estaria o aumento do desmatamento na região.

"Entre 2018 e 2019 a gente teve um aumento do desmatamento de cerca de 30% na região. E o segundo semestre do ano [2019] já indica um aumento considerável de desmatamento, de mais de 100% inclusive, em relação ao segundo semestre do ano anterior", alegou ela para Sputnik Brasil.

Por outro lado, para entender como o fogo se comporta na Amazônia, é necessário entender as relações com as épocas de chuva e com as atividades na região.

Para e entrevistada, normalmente o fogo tem o pico no mês de setembro, e começa a reduzir, porque começa a chover. Então é esperado, quando chega novembro e dezembro, que as queimadas comecem a diminuir por conta das chuvas.

No ano passado, no entanto, foi acompanhada uma grande redução no número de foco em setembro e outubro. Isso estaria relacionado com os decretos do presidente, que autorizaram o uso do exército no combate ao fogo, instauraram moratória do uso de fogo na região até 24 de outubro.

"Claramente, depois de 24 de outubro, o número de focos começa a ter uma tendência de aumento. Isso se traduziu num aumento significativo no número de focos de fogo em novembro, comparado ao ano passado, e também em dezembro", explicou Ane Alencar.

Para a especialista, o governo demorou muito para reagir, e agora está colhendo os frutos de sua inação e até negação.

"Se o governo federal tivesse reagido positivamente aos números do INPE sobre desmatamento em julho, com certeza não teríamos um número tão alto de queimadas no ano passado. Teve uma displicência do Governo Federal de renegar o aumento do desmatamento num momento crucial", alertou a diretora do IPAM.

Ela lembra que o governo começou a agir somente após a repercussão internacional dos incêndios na região e, mesmo assim, a contragosto e com muita "negação".

Ane Alencar destacou que os decretos presidenciais foram muito positivos no combate ao fogo, mas espera que o governo tenha aprendido a lição e aja com mais antecedência no futuro e que também ataque o desmatamento ilegal.

"É a hora de aprender com o que aconteceu em 2019. É a hora do governo focar no incentivo de redução de desmatamento. De investir em estratégias para descobrir desmatamento ilegal, queimada ilegal", concluiu a especialista.
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