Argentina vai se endividar mais para atender aos fundos abutres

ENTREVISTA COM LEONARDO PAZ NEVE
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A Argentina deu mais um passo para acordo com os fundos abutres, oferecendo um desembolso inicial de US$ 450 milhões para cinco dessas instituições, e acenou com a possibilidade de emissão de bônus no valor de US$ 15 bilhões para fazer face à elevação da dívida, que chegaria a US$ 20 bilhões, segundo o ministro das Finanças, Alfonso Prat-Gay.

O ministro adiantou que, uma vez recebido o sinal verde, a intenção é realizar uma única operação. Analistas alertam, porém, que, mesmo bem-sucedida, a operação no mercado internacional deixaria o país com baixas reservas internacionais. Segundo projeções do mercado, o estoque em moeda estrangeira no Banco Central estaria hoje em US$ 27 bilhões.

Grafite em muro de Buenos Aires caricaturando o Juiz Thomas Griesa, que julga a questão dos Fundos Abutres em Nova York - Sputnik Brasil
Mauricio Macri está perdendo a batalha com os fundos abutres
Uma das exigências para novo acordo com os fundos abutres seria a derrubada no Congresso da Lei de Pagamentos Soberanos, proposta e aprovada em 2014 durante o Governo de Cristina Kirchner, que propunha pagamentos escalonados a esses detentores da dívida. Para cumprir essa exigência, um bloco de deputados governistas já anunciou que vai se mobilizar para, na volta do ano legislativo, em março, derrubar a lei.

Alguns especialistas, contudo, se mostram mais otimistas em relação à possibilidade de acordo entre o país e os fundos abutres. O professor do Ibmec-RJ, Leonardo Paz Neves, é um dos confiantes.

“O cenário nunca deixou de ser preocupante, desde o período de Kirchner [Cristina], quando a Argentina praticamente enfrentou uma nova moratória em função da renegociação com esses fundos abutres. O ponto é um pouco menos preocupante, porque estamos percebendo que a nova gestão de Mauricio Macri tem atraído mais a atenção externa dos investidores e deu um ânimo diferenciado com os credores.”

Segundo Neves, o problema é que a solução proposta vai praticamente empatar com o que o país tem de reservas.

“O importante, porém, é a capacidade de atrair novos investimentos para fazer com que a Argentina tenha dólares para poder cobrir um pouco esses novos custos e emitir títulos que sejam mais atrativos com juros ‘menos piores’. Na medida em que você tem um interlocutor que você imagina estar mais aberto a ouvir suas demandas, isso faz com que outros credores cedam em algumas questões, para que você tenha mais abertura no mercado internacional de crédito.”

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