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Fim do embargo ao Irã abre novas possibilidades de negócio com o Brasil

© AP Photo / Ebrahim NorooziMauro Vieira (esquerda) e Javad Zarif (direita) durante a visita do chanceler brasileiro ao Irã em 13 de setembro
Mauro Vieira (esquerda) e Javad Zarif (direita) durante a visita do chanceler brasileiro ao Irã em 13 de setembro - Sputnik Brasil
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A suspensão do embargo comercial imposto ao Irã pelos Estados Unidos e a União Europeia pode triplicar a balança comercial entre aquele país e o Brasil nos próximos cinco anos, segundo projeções divulgadas pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio.

No ano passado, o Brasil exportou US$ 1,67 bilhão para o Irã e importou apenas US$ 3,3 milhões. Embora o Irã represente hoje apenas 0,8% do total da corrente de comércio brasileira – atrás de vizinhos da região, como Arábia Saudita (para onde foram exportados US$ 2,75 bilhões) e Emirados Árabes Unidos (US$ 2,5 bilhões) –, o fim das sanções anima empresários e industriais de ambos os países.

A presidente da Câmara de Comércio Brasil-Irã, na Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ), Romana Dovganiuk, é uma das vozes otimistas quanto ao incremento dessas relações:

“O Brasil é um grande exportador de grãos, e o Irã, um grande importador. Só no ano passado empresas brasileiras exportaram para lá 4,2 milhões de toneladas de produtos como carne, farelo de soja e açúcar, entre outros. Nossa expectativa é que, com o fim das sanções, as exportações possam dobrar”.

Segundo a Sra. Dovganiuk, o incremento dos negócios não passa apenas pelas commodities agropecuárias, mas envolve outros setores como transferência de tecnologia, montadoras e indústrias em geral. Em novembro de 2015, foram criados diversos incentivos de atração de empresas brasileiras para instalação nas Zonas Livres de Exportação no Irã. Entre esses incentivos, destacam-se a isenção por 20 anos na cobrança de impostos e descontos significativos nas tarifas de energia.

“Na área de petróleo, nos últimos anos, temos trabalhado com a Petrobras em vários projetos relacionados à qualidade do óleo. O iraniano é do tipo leve e condensado, bastante demandado no Brasil”, diz Romana Dovganiuk.

A presidente da Câmara de Comércio Brasil-Irã no Rio de Janeiro lembra ainda que os dois países têm assinado recentemente uma série de acordos de cooperação em diversas áreas, como o Esporte Sem Fronteiras, o Artes Sem Fronteiras, e de transferência de tecnologia. A Câmara também está organizando, para o final de fevereiro, uma missão de empresas brasileiras para conhecer o Irã e as possibilidades de negócios para ambos os países.

Do lado das empresas brasileiras, a expectativa também é positiva. O diretor de Desenvolvimento Industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Carlos Abijaodi, aposta que, a partir de agora haverá uma transformação expressiva nas relações com o Irã, país que já estava incluído como parceiro estratégico no Plano Nacional de Exportação.

“O Irã teve uma relação comercial muito forte com o Brasil anos atrás (em 2011, as exportações brasileiras para lá somaram US$ 2,37 bilhões), mas agora esse intercâmbio está sendo retomado, e num momento em que o Brasil precisa aumentar suas exportações”, diz Abijaodi.

Em 2015, a balança comercial brasileira fechou com superávit de US$ 19,68 bilhões, o melhor resultado desde 2011, revertendo o déficit de US$ 4 bilhões registrado em 2014.

Para o diretor da CNI, alguns setores no Brasil serão mais beneficiados por esse esperado aumento de comércio, como embarques de commodities agrícolas, como carne, soja, açúcar, embora haja também boas perspectivas para as parcerias. “Os empresários iranianos gostam muito desse tipo de negócio”.

Quanto ao apoio ao crédito à exportação, Abijaoudi diz que o mercado internacional ainda não está muito demandado, como parte da lenta recuperação após a crise global de 2008. Ele prevê algumas dificuldades na contratação de programas por parte dos interessados, embora o Brasil conte com agentes de peso como o Programa de Financiamento às Exportações (Proex) e as linhas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

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