Em meio à guerra contra o Daesh, curdos pedem referendo pela independência

© AFP 2023 / Safin HamedCombatentes curdos iraquianos Peshmerga em cerimônia de graduação de treinamento em Arbil, capital da Região Autônoma do Curdistão, no norte do Iraque.
Combatentes curdos iraquianos Peshmerga em cerimônia de graduação de treinamento em Arbil, capital da Região Autônoma do Curdistão, no norte do Iraque. - Sputnik Brasil
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O líder do Curdistão iraquiano pediu um referendo sobre a independência da região, dizendo que "chegou a hora" de os curdos tomarem uma decisão sobre o seu futuro, apesar da ameaça representada pelo Daesh (autodenominado Estado Islâmico) e pela terrível situação econômica.

O apelo foi feito por Massoud Barzani, líder da Região Autônoma do Curdistão no Iraque, que está no poder desde 2005. No entanto, ele não disse quando o referendo proposto poderia acontecer, segundo relata a RT.

"Chegou o momento e a situação é agora apropriada para o povo curdo tomar uma decisão sobre seu destino através de um referendo", disse Barzani, em um comunicado divulgado nesta quarta-feira (3).

"Esse referendo não é para proclamar um Estado, mas sim para conhecer a vontade e a opinião do povo curdo acerca da independência e para a liderança política curda executar a vontade popular na época e condições adequadas", acrescentou.

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Para realizar a votação, a região precisaria primeiro estabelecer uma autoridade eleitoral independente, segundo ressaltou Barzani.

Os curdos iraquianos controlam grandes partes do território iraquiano, as quais vêm sendo administradas com autonomia por parte do Governo Regional do Curdistão.

Apesar do caos interno na região, que sofre graves problemas econômicos devidos à queda dos preços do petróleo, Barzani acredita que nunca haverá uma chance melhor para os curdos aproveitarem a chance de ganhar a independência.

"Se o povo do Curdistão está à espera de alguém que apresente o direito de autodeterminação como um presente, a independência nunca será obtida. Esse direito existe e as pessoas do Curdistão devem exigi-lo e colocá-lo em movimento", exortou o líder, citado pela Reuters.

Anteriormente, em julho de 2014, Barzani anunciou que os planos de realizar um referendo sobre a independência no final daquele ano, dizendo que o Iraque já estava "efetivamente dividido". No entanto, devido a tensões políticas internas iraquianas e ao avanço do grupo terrorista Daesh, o pleito foi colocado em espera.

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As forças curdas Peshmerga iraquianas estão na linha de frente contra os jihadistas e lutam ativamente no Iraque, fornecendo apoio terrestre aos ataques aéreos da coalizão liderada pelos Estados Unidos contra o Daesh no Iraque.

Apesar do relativo apreço que eles ganharam na comunidade internacional, é improvável que as potências mundiais, incluindo os EUA, venham a apoiar as reivindicações de independência. Washington já declarou que deseja que os curdos continuem a fazer parte do Iraque.

Em dezembro, a Turquia realizou ataques aéreos contra as forças do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) em áreas curdas no norte do Iraque. O PKK, um dos grupos militarizados curdos na região, é considerado uma organização terrorista pela Turquia e pelos EUA. Dez turcos jatos F-16 foram usados nos ataques.

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As tensões já estavam aumentando entre Ancara e Bagdá depois que a Turquia resolveu enviar centenas de soldados equipados com tanques e artilharia para a província de Nínive, no norte do Iraque, em 4 de dezembro do ano passado, alegando que as tropas estavam lá para treinar as forças de combate ao Daesh.

Bagdá respondeu que não tinha pedido a ajuda das forças turcas e exigiu a retirada imediata das tropas invasoras, descrevendo a medida de Ancara como uma violação da soberania iraquiana e pedindo a intervenção da OTAN.

Por outro lado, apesar de as aspirações independentistas curdas serem historicamente ignoradas e combatidas pelas potências regionais – especialmente pelos Estados vizinhos com grandes populações minoritárias de curdos –, os curdos iraquianos parecem ter ao seu lado pelo menos um ator regional de peso: Israel. No mês passado, a ministra da Justiça israelense, Ayelet Shaked, se pronunciou a favor de um Estado curdo independente.

"Devemos exortar abertamente à criação de um Estado curdo que separe o Irã da Turquia, um que seja amigável em relação a Israel", disse Shaked, em uma conferência anual sobre segurança em Tel Aviv realizada em 19 de janeiro, conforme citado pelo jornal Times of Israel.

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"O povo curdo é um parceiro para o povo israelense", disse ela, acrescentando que o extremismo islâmico na região pode ser combatido em conjunto pelos curdos e pelos israelenses. "Nós, curdos e judeus, temos uma longa história. Nós temos interesses comuns na tentativa de parar o Daesh e os curdos estão lutando contra o Estado Islâmico com todas as suas forças".

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