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Novo Banco de Desenvolvimento vai financiar energia renovável para os BRICS

© Reprodução do FacebookPaulo Nogueira Batista Junior.
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O vice-presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), Paulo Nogueira Batista Jr., anunciou nesta terça-feira, 26, no Rio de Janeiro, que em abril o Banco dos BRICS anunciará os projetos de infraestrutura que vão receber os primeiros financiamentos aprovados pela instituição. Energia renovável será a prioridade.

"Depois de sete meses do início de operações do Banco em Xangai, estamos enfrentando vários desafios, como a estruturação e a finalização da primeira leva de projetos que, se espera, possam ser anunciados em abril. A ideia é divulgar um projeto em cada um dos cinco países-membros (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), no setor de energias renováveis, com ênfase em energia eólica, solar e hidrelétrica, numa segunda fase."

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Durante a palestra promovida pelo Centro de Estudos Celso Furtado, na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Nogueira Batista detalhou os avanços que o NBD vem alcançando desde que iniciou suas operações em Xangai. Segundo ele, além de em energias renováveis, a primeira leva de crédito vai priorizar financiamentos para projetos de abastecimento de água, irrigação, saneamento, entre outras. Para tanto, os financiamentos serão concedidos de duas formas: no caso de Brasil e Rússia, os recursos serão repassados aos bancos nacionais de desenvolvimento (BNDES e VEB, respectivamente), enquanto para China, Índia e África do Sul, os empréstimos serão firmados em fundos soberanos desses países.

“No caso do Brasil, por exemplo, o NBD vai liberar recursos em dólar ao BNDES que, por sua vez, os repassará aos tomadores em reais. A previsão é que cada financiamento gire entre US$ 50 milhões e US$ 150 milhões e que no primeiro ano o Banco dos BRICS financie até 15 projetos no montante de US$ 1,5 bilhão a US$ 2 bilhões”, explica Nogueira Batista.

O vice-presidente do NBD lembra que a Rússia já adiantou duas parcelas de sua contribuição como país-membro, o que já deixa o Banco com um caixa de US$ 1 bilhão. “A ideia é que a captação de recursos seja feita também em modas nacionais dos países-membros, além de em dólar”, diz.

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A expectativa é que, até o primeiro semestre deste ano, a instituição também capte recursos através da emissão em yuan remimbi. Pelo estatuto, o NBD tem um capital autorizado de US$ 100 bilhões e um capital subscrito de US$ 50 bilhões, divididos igualmente entre os cinco países do BRICS.

Quanto à remuneração dos projetos, o vice-presidente do NBD garante que as taxas de juros serão inferiores à média cobrada no mercado. A proposta é estabelecer uma taxa libor mais a cobrança de um spread reduzido que permita a liquidez das operações.

A estratégia para se atingir esse patamar, segundo ele, é manter uma estrutura administrativa operacional enxuta. Hoje, o Banco funciona como uma equipe de 50 pessoas, e a previsão é que o quadro chegue a 100 até o fim deste ano. Na esfera de governança corporativa, a instituição conta com um conselho de governadores (composto pelos ministros da Fazenda de cada um dos cinco países), um conselho de diretores (não residentes), presidência e quatro vice-presidências. A expectativa é que, com uma estrutura enxuta, se possa reduzir para até seis meses o prazo entre recebimento de proposta de financiamento, análise e liberação dos recursos. Em grandes corporações como Banco Mundial (BIRD), Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), entre outros, esse prazo pode variar de 18 meses a dois anos.

Nogueira Batista lembra que a constituição do NBD é uma grande vitória dos BRICS pois, embora o grupo não seja tecnicamente um bloco, ele reúne países com visões próprias, mas com um senso comum de identificar e propor soluções, bem diferentes das americanas, europeias e asiáticas.

“Em primeiro lugar, o Banco nasce com uma preocupação do financiamento social e ambiental sustentável, o que não existe nas grandes organizações de crédito do Atlântico Norte. São visões comuns sobre problemas comuns. Outro ponto importante é que o Banco vai montar sua experiência contando com a expertise dos bancos nacionais de desenvolvimento locais, como o BNDES, no caso do Brasil. Uma outra questão igualmente importante é que a concessão de financiamento não terá como contrapartida a fixação de metas e normas na condução da política econômica do país tomador.”

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Nogueira Batista diz que o multilateralismo econômico – depois de tantos fracassos em tentar estabelecer um parâmetro de crescimento – está sendo substituído aos poucos pela visão multipolar defendida por países emergentes. A criação do Banco Asiático de Investimentos em Infraestruturas (BAII), no ano passado, com capital de US$ 100 bilhões foi uma espécie de resposta chinesa às tentativas de isolar o país no cenário econômico mundial com a formação do Tratado de Livre Comércio Trans-Pacífico (TTP), idealizado pelos Estados Unidos que reúne 12 países, detém 40% do PIB mundial, 793 milhões de consumidores e que pode gerar US$ 223 bilhões anuais a partir de 2025.

E campo para financiar projetos não vai faltar ao Banco dos BRICS. Segundo cálculos recentes, o déficit de investimento em projetos mundiais de infraestrutura chega a US$ 1 trilhão por ano. Só em energia elétrica são cerca de 1 bilhão de pessoas sem acesso.

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