Bálcãs: armar-se ou não armar-se, eis a questão

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As relações entre a Sérvia e a Croácia formalmente são amigáveis e de boa vizinhança, mas nos últimos dias os políticos de ambos os países fizeram declarações bastante fortes.

Tudo começou com a declaração do ministro da Defesa croata, Ante Kotromanovic, que está à beira de se demitir. Disse ele que o seu país continuará a modernizar as suas armas e que obterá, antes da data prevista, mísseis balísticos com um alcance de 300 quilômetros.

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Em resposta, Belgrado criticou Zagreb por esgrimir armas, ao que Kotromanovic respondeu dizendo que a Croácia, como o país-membro da OTAN tem o direito de expandir o seu sistema de armamento tendo em conta os seus interesses.

O ministro das Relações Exteriores da Sérvia, Ivica Dacic, ao responder às perguntas de jornalistas croatas, notou que seria lógico supor que as novas armas croatas podem ser usadas especialmente contra a Sérvia.

“É difícil crer que vocês vão atingir alvos na Áustria ou na Itália. Eu não sei para que precisam disso e para que nós precisamos disso”, declarou.

Após este incidente entre as duas capitais, começou um ping-pong de declarações, na qual também participou o ministro do Interior da Sérvia, Nebojsa Stefanovic. Ele notou que a compra de mísseis balísticos não levará à estabilização da região e que Zagreb “tem ciúmes” da Sérvia por ela se estar tornando um líder regional. No domingo passado (10) Stefanovic declarou que a Sérvia começará a aumentar o seu potencial militar.

O Estado-Maior sérvio divulgou detalhes da decisão: a Sérvia adquirirá mais dois helicópteros multifunção, obuses Nora e blindados Lazar (os dois últimos são produzidos na Sérvia).

O chefe do Estado-Maior, Ljubisa Dikovic, disse também que a Sérvia deve desenvolver sistemas que possam atingir o território do inimigo porque, segundo ele, “a ameaça à segurança pode vir precisamente de Estados vizinhos.” 

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De outro lado, o general croata Drago Lovric declarou à publicação de Zagreb Jutarni list, que nenhum Estado, inclusive a Sérvia, tem razões para se sentir em perigo e que todos os esforços da Croácia têm o único objetivo de proteger o seu território.

Lovric também notou que o seu país recebeu vários tipos de armas no âmbito do programa de apoio norte-americano.

“Nós vamos receber também os helicópteros Bell OH-58 Kiowa, que os EUA ofereceram no âmbito do programa especial de entrega de armas excedentes,” disse.

Além disso, de acordo com Lovric, também foram discutidas possíveis entregas dos sistemas de lançamento de foguetes múltiplos M270 MLRS.

Por sua vez, o editor-chefe da revista croata Defender Marko Custic, em uma entrevista à agência de notícias sérvia Tanjug, observou que se Zagreb receber o sistema M270 MLRS e mísseis com um alcance de 300 quilômetros, isso poderá ser interpretado como pressão dos EUA na Sérvia com o objetivo de fazer Belgrado abdicar da sua política de neutralidade.

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Custic também não acredita que a Croácia possa usar mísseis contra a Sérvia, mas acredita que a sua presença irá alterar o equilíbrio de forças nos Bálcãs.

A mesma publicação croata escreveu que a Croácia está negociando com a Noruega sobre fornecimentos do complexo de mísseis antiaéreos NASAMS, que também é considerado “em excesso”.

O especialista Custic opina que a Sérvia fará todas as concessões à OTAN e existe a possibilidade de que os EUA não entreguem os mísseis à Croácia.

O premiê sérvio Aleksandar Vucic recentemente declarou que, se qualquer um dos países vizinhos comprar mísseis, a Sérvia terá de responder. Neste sentido, a visita de hoje do vice-primeiro-ministro russo Dmitry Rogozin à Sérvia pode trazer alguma clareza no que diz respeito à estratégia de Belgrado. 

É preciso notar que, após a visita do primeiro-ministro sérvio a Moscou, no outono de 2015, os jornalistas têm repetidamente apelado para que Vucic venha a fazer possíveis acordos sobre compras de armas, mas os comentários dos líderes sérvios sobre o tema são muito raros.

Comentando os resultados da sua visita à Sérvia Rogozin também não divulgou muito, mas disse:

"Vamos garantir o apoio direto ao nosso aliado nos Bálcãs. Nos próximos tempos vamos considerar os seus pedidos".

Ele também declarou que a Rússia não interfere nas questões internas de segurança da Sérvia, mas acredita que Belgrado tem o direito de adquirir armas não ofensivas.

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