Curdos: operação da Rússia na Síria é retaliação contra Daesh por atentados na Europa

© Foto / Ministério da Defesa da RússiaDia-a-dia na Base Aérea da Rússia na Síria
Dia-a-dia na Base Aérea da Rússia na Síria - Sputnik Brasil
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Uma representante do influente partido dos curdos sírios Partido de União Democrática (PYD) em Qamishli (nordeste da Síria), Besira Dervis, em uma entrevista à Sputnik esclareceu a posição de curdos no conflito sírio, explicou as diferenças entre a intervenção russa e turca e disse porque os curdos apoiam as ações da aviação da Rússia.

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Em primeiro lugar, Dervis manifestou que os curdos são a terceira força na crise que sacudiu a Síria e ressaltou que o apoio russo às forças governamentais é melhor do que ser cúmplice dos terroristas, o que é o caso da Turquia:

“Desde o início da guerra civil na Síria o nosso partido seguia a sua própria terceira linha na sua política. Isto significa que nós não apoiamos nem o governo em Damasco, nem a oposição. A oposição foi apoiada pela Turquia, Qatar e Arábia Saudita. A Rússia tomou o lado das autoridades sírias. O PYD mantem boas relações com a Rússia. Porém, censuramos as ações da Turquia, porque Ancara apoia o Daesh, abriu a fronteira para os militantes deste grupo”.  

© Sputnik / Sputnik Türkiye/Hikmet DurgunBesira Dervis, representante do influente partido dos curdos sírios Partido de União Democrática (PYD) em Qamishli (nordeste da Síria)
Besira Dervis, representante do influente partido dos curdos sírios Partido de União Democrática (PYD) em Qamishli (nordeste da Síria) - Sputnik Brasil
Besira Dervis, representante do influente partido dos curdos sírios Partido de União Democrática (PYD) em Qamishli (nordeste da Síria)
A representante do partido curdo explicou porque eles querem cooperar com a Rússia:

“Nós travamos uma série de negociações com o lado russo. Não nos preocupamos com o fato de alguns países não gostarem de termos relações amigáveis com a Rússia ou os EUA. Estamos abertos ao diálogo com todos os que aspiram a resolver o conflito sírio”.

Falando da sua visão da operação aérea russa na Síria, Dervis sublinhou que todas as ações que visam combater o Daesh são favoráveis para os habitantes do Curdistão sírio:

“Todos os esforços que visam combater o Daesh correspondem aos nossos interesses. Nós apoiamos todas as forças que se manifestam contra os jihadistas e nós próprios conduzimos uma luta ativa contra eles. O Daesh é uma grande ameaça para o mundo interno, lembremos os atentados em Paris. A Rússia realiza uma operação aérea na Síria, combatendo assim ao Daesh em nome da Europa inteira. As ações da Rússia na Síria são uma retaliação contra os jihadistas pelas suas desumanas atrocidades”

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Entretanto, a ativista do PYD acusou Ancara de apoio aos militantes do Daesh:

“A Turquia ajuda os jihadistas com armas, dinheiro e recursos humanos. No encontro em Riad [capital da Arábia Saudita] foram representados grupos que fazem parte do Daesh. Estas negociações não visavam encontrar meios de solução do conflito sírio. Ao contrário, tais encontros ainda dificultam mais a situação na região. Nunca nos manifestamos em favor da solução do problema com meios militares. O conflito sírio pode ser resolvido com esforços políticos, não apenas com a força das armas”.

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A organização terrorista Daesh (proibida na Rússia e reconhecida como terrorista pelo Brasil) autoproclamou-se "califado mundial" em 29 de junho de 2014, tornando-se imediatamente uma ameaça explícita à comunidade internacional e sendo reconhecida como a ameaça principal por vários países e organismos internacionais. Porém, o grupo terrorista tem suas origens ainda em 1999, quando o jihadista da tendência salafita jordaniano Abu Musab al-Zarqawi fundou o grupo Jamaat al-Tawhid wal-Jihad. Depois da invasão norte-americana no Iraque em 2003, esta organização começou a fortalecer-se, até transformar-se, em 2006, no Estado Islâmico do Iraque. A ameaça representada por esta entidade foi reconhecida pelos serviços secretos dos EUA ainda naquela altura, mas reconhecida secretamente, e nada foi feito para contê-la. Como resultado, surgiu em 2013 o Estado Islâmico do Iraque e do Levante, que agora abrange territórios no Iraque e na Síria, mantendo a instabilidade e fomentando conflitos.

Não há uma frente unida de combate contra o Daesh: contra o grupo lutam forças governamentais da Síria (com apoio da aviação russa) e do Iraque, a coalizão internacional liderada pelos EUA (limitando-se a ataques aéreos), assim como milícias xiitas libanesas e iraquianas. Uma das forças mais eficazes que combatem o Daesh são as milícias curdas tanto no Curdistão iraquiano, como no Curdistão sírio.

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