Assassinato de Khaddafi pela OTAN transforma Líbia em novo reduto do Daesh

© Sputnik / Andrei Stenin / Acessar o banco de imagensManifestantes queimam retratos de Muammar Khaddafi em Benghazi
Manifestantes queimam retratos de Muammar Khaddafi em Benghazi - Sputnik Brasil
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Devido a políticas negligentes dos países ocidentais, a Líbia está à beira de ser engolida pelo terrorismo e está se tornando o novo reduto do Daesh (autodenominado Estado Islâmico), segundo escreve Olivier d'Auzon para o Le Huffington Post.

O Daesh atualmente controla um quinto da Líbia e tem entre 2.000 e 3.000 combatentes ativos, de acordo com Kader Abderrahim, do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, uma instituição de política pública baseada nos Estados Unidos.

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Após o assassinato do presidente Muammar Khaddafi, a Líbia caiu no caos. Várias facções de militantes e extremistas islâmicos tomaram o país e entraram em uma espécie de vale-tudo, forçando membros do antigo governo a recuar para as remotas cidades de Tobruk e Beida.

A situação na Líbia será, "sem dúvida, um dos principais problemas durante os próximos meses", segundo prevê o primeiro-ministro francês Manuel Valls, citado pelo Le Huffington Post.

Sob tais circunstâncias, a Líbia, especialmente a parte sul do país, tornou-se a "incubadora do terrorismo, um lugar onde ele está crescendo e se desenvolvendo", nas palavras do General Jean-Pierre Palasset, que assumiu o comando da Operação Barkhane, uma operação antiterrorista em curso da França na região africana do Sahel.

"Isso [a ascensão do Daesh na Líbia] enfraqueceria e desestabilizaria uma série de Estados [vizinhos]", disse o oficial, também citado pelo jornal francês.

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O coronel Khaddafi conhecia as peculiaridades de seu país e conseguia manter a estabilidade interna na Líbia. Agora, uma Líbia unificada não existe mais: pelo contrário, é premente a ameaça de guerras fratricidas de tribos e clãs, entre os vários grupos de milícias existentes no país, o que pode acarretar graves consequências para toda a região, segundo afirma d'Auzon.

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A intervenção da OTAN na Líbia para derrubar o governo de Khaddafi, portanto, ficará marcado como o pior erro estratégico de política externa da França, escreve o autor do artigo, citando as palavras do renomado jornalista francês Renaud Girard.

Khaddafi pode não ter sido o líder mais agradável ou mais racional, mas ele certamente não era um inimigo da França. Pelo contrário, diz d’Auzon, Khaddafi prestou vários favores para o país europeu. Em primeiro lugar, ele empurrou o terrorismo para fora da Líbia e vigorosamente perseguiu os extremistas islâmicos.

Em segundo lugar, ele abriu mão de um programa de armas de destruição em massa e revelou os planos nucleares do cientista paquistanês Abdul Qadeer Khan, considerado o pai da bomba atômica do Paquistão. E, finalmente, ele acabou com os canais ilegais usados por traficantes de seres humanos para transportar pessoas da África Central para o Mar Mediterrâneo e, em seguida, para a Europa, segundo escreve o autor do Le Huffington Post.

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Agora, sem Khaddafi, a situação na Líbia está se tornando cada vez mais perigosa e ameaça entrar em uma espiral fora de qualquer possibilidade de controle. Várias potências estrangeiras já estão envolvidas no conflito, apoiando lados diversos da situação. A Turquia e o Qatar apoiam o atual regime em Trípoli, o Sudão [do Norte] é suspeito de fornecer armas para o Daesh e para a Irmandade Muçulmana. Enquanto isso, o Egito está armando as forças do governo líbio em Tobruk, reconhecido internacionalmente, para proteger seus próprios interesses nacionais.

Toda essa rede caótica de alianças e rixas ajuda o Daesh a se fortalecer e a ampliar os territórios sob seu controle, segundo afirma d'Auzon.

Nesta perspectiva, as autoridades líbias estão dispostas a cooperar com a Rússia na luta contra o Daesh se Moscou começar uma operação militar na Líbia.

"Nós gostaríamos de ver Rússia iniciar uma luta contra o Deash. Nosso governo está pronto para se coordenar com [os russos] em um nível mais alto", disse Abdullah al-Thani, chefe do governo líbio internacionalmente reconhecido em Tobruk.

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